segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Contra o fim do passe livre no Rio!

Os estudantes do Rio de Janeiro conquistaram o direito ao passe livre em 1999. Agora, as empresas de transporte estão impetrando uma ação na justiça para eliminar o direito constituído.

Abaixo, matéria repoduzida do Jornal do Brasil sobre as manifestações que reuniram 5 mil pessoas

Ruas do Centro viram praça de guerra

Breno Costa e Juliana Cariello

Mais de 5 mil estudantes foram às ruas do Centro ontem protestar contra o fim do passe livre. O que era para ser mais uma manifestação em frente à Assembléia Legislativa (Alerj), na Avenida Presidente Antônio Carlos, entretanto, transformou as ruas do bairro, no meio da tarde, em uma praça de guerra.

Tiros de borracha, bombas de efeito moral e spray de pimenta de um lado. Pedradas, pontapés e vidraças quebradas de outro. Aproximadamente 50 policiais do Batalhão de Choque da PM e do 13º BPM (Praça Tiradentes) foram deslocados para a manifestação. Oito jovens foram detidos e pelo menos três ficaram feridos - dois atingidos por balas de borracha e um que teria quebrado o braço. Mais dois policiais também ficaram feridos no confronto. Bancos, lojas e carros foram apedrejados.

A passeata começou na Candelária de forma pacífica e seguiu pela Avenida Rio Branco sem registro de incidentes. A confusão para valer começou em frente ao Tribunal de Justiça, já na Presidente Antônio Carlos. Lá, estudantes quebraram a vidraça do prédio.

A tropa de choque foi acionada. Até o Caveirão do Comando de Operações Táticas de Alto Risco (Cotar) foi deslocado para a área. Cerca de 50 metros à frente do TJ, em frente à Alerj, um grupo de manifestantes resolveu bloquear o já complicado trânsito na região e sentaram no meio da rua. Ficaram lá por cerca de 15 minutos. A polícia diz que a manifestação parou o Centro e gerou reflexos até no tráfego da Avenida Brasil.

Diante de nova investida da polícia, com golpes de cassetetes e bombas de gás, um grupo de cerca de 60 estudantes saiu correndo pela Rua da Assembléia, com pedras na mão. Os transeuntes saíram correndo para se esconder. Diante de uma rua praticamente deserta, os estudantes quebraram as vidraças das agências do Itaú, Santander, HSBC, Finasa e Bicbanco, além de um restaurante e a portaria de um edifício. Um ônibus do 13º BPM e pelo menos três carros de passeio também foram atingidos. Lixeiras e lâmpadas também viraram alvos.

O que se seguiu foi uma nova reação policial, desta vez mais violenta. Seis estudantes foram detidos. Entre eles, um que arrancou a bandeira do Brasil do mastro da Alerj e cuspiu em cima. Segundo um policial, a atitude configura “falta de civismo”.

Em seguida, já com os ânimos controlados, um grupo de 80 estudantes seguiu para a 1ª DP, na Rua da Relação, na Lapa, para pressionar pela liberação dos colegas. Policiais feridos também foram até lá para registrar os casos. Até as 21h, mais de 20 estudantes continuavam em frente à delegacia.

O estudante Bismarck Climério, de 16 anos, diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), diz que o protesto foi exagerado.

- Essa manifestação não vai dar resultado nenhum. A gente tem de cobrar é direto do governador. O certo é que a gente faça a próxima manifestação no Palácio Guanabara - disse Climério, que depois da manifestação aguardou em vão para uma conversa com o deputado Comte Bittencourt (PPS), presidente da Comissão de Educação da Alerj. Segundo o estudante, ele não quis falar e seguiu direto para Niterói, onde mora.

Segundo os estudantes, o único deputado que foi até os manifestantes durante a confusão foi Alessandro Molon (PT), da Comissão de Direitos Humanos. Molon criticou a conduta da polícia.

- Se são violentos assim no asfalto, com todo mundo vendo, imagina nas favelas. A polícia, com os exageros de hoje, mostra, mais uma vez, o quão despreparada está - disse o deputado.

Os alunos da rede pública de ensino temem perder o passe livre depois que o Tribunal de Justiça acatou uma ação impetrada pela Fetransport alegando insconstitucionalidade da lei. Cesar Maia chegou a dizer que encamparia as empresas que se negassem a dar o benefício.

reproduzido de: http://jbonline.terra.com.br/sitehtml/papel/rio
/papel/2007/03/29/rio20070329000.html

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