terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Carta Aberta à População sobre o Aumento de Tarifa do Transporte Coletivo em Joinville



O Movimento Passe Livre Joinville (MPL) vem por meio desta carta pública reivindicar ao novo prefeito que não conceda aumento nas passagens do transporte coletivo de Joinville em 2009.

As empresas Gidion e Transtusa pediram ao ex-prefeito Marco Tebaldi (PSDB) um aumento de 9,7% na tarifa das linhas convencionais, elevando o preço de R$ 2,05 para R$2,25. Em seu governo, Tebaldi deu quatro aumentos de passagem, todos via decreto, marcados pela falta de democracia e defesa da iniciativa privada.

Joinville já possui um dos sistemas de ônibus mais caros do Brasil e o mais caro de Santa Catarina, o que ocasiona uma política de exclusão das pessoas, principalmente dos trabalhadores informais, estudantes e desempregados. Como se não bastasse, a precarização do serviço acentuou-se significativamente nos últimos anos com a imensa lotação dos ônibus.

Faz-se necessário reformular a concepção de transporte. Hoje, ele é visto como mercadoria que pode ser comercializada de forma irresponsável.O MPL apresenta outra alternativa para o transporte coletivo: a municipalização. Ela vai garantir o acesso pleno dos jovens à Educação, Cultura e Lazer, melhorar o trânsito da cidade e cobrar impostos dos mais ricos para financiar o passe livre para todos e todas.

Lutaremos até a municipalização do transporte coletivo, gerido pelo município com ampla participação popular nas decisões sobre as linhas, horários e reajustes tarifários do serviço, como medida de extinção da iniciativa privada e da lógica do lucro do setor do transporte.

Esperamos do novo prefeito que qualquer decisão sobre o aumento seja discutida com os movimentos sociais, entidades de classe, associações de moradores e toda a cidade de Joinville. Caso contrário, a nova gestão da Prefeitura estará legitimando a maneira tradicional e conservadora de tratar a questão do transporte coletivo, ou seja, com decisões antidemocráticas e primando pela conservação dos interesses históricos das empresas de transporte em detrimento do interesse da população.

Movimento Passe Livre Joinville, 1º de janeiro de 2009.

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Outras vozes na cidade

Entrevista concedida à MK. Reproduzido de Vivonacidade


A entrevista a seguir é com Kleber Tobler, militante social do Movimento Passe Livre de Joinville, que no último Grito dos-as Excluídos-as na cidade foi vítima da repressão estatal aos movimentos sociais. Infelizmente não é uma novidade como podemos perceber as ameaças, perseguições, prisões ao MPL-Joinville, aos trabalhadores-as da Cipla-Interfibra, ao movimento estudantil e outros.

A publicação acontece somente agora por conta da audiência que já aconteceu e o Exército resolveu arquivo o processo contra o movimento.

O que levou você a participar do Grito dos Excluídos em Joinville ?

Tobler - Pelo segundo ano consecutivo o Movimento Passe Livre Joinville, do qual eu sou militante, participa do movimento do Grito do Excluídos, que é uma manifestação popular promovido pela Igreja Católica inserida no desfile de independência do Brasil e tem a participação dos movimentos populares, pastorais, entidades, igrejas e movimentos sociais. Para mim e para o MPL Joinville é sempre uma grande satisfação e orgulho participar do Grito, manifestação esta que promove realmente um verdadeiro desfile cívico, no qual se encarrega de levar o caráter popular de manifestação aos brasileiros, comprometido com verdadeira cidadania, fortalecida sempre pela democracia direta. O Grito apesar de ainda ser visto com forte preconceito por setores conservadores tem tido um grande reflexo positivo dentro do desfile de 7 de setembro perante a sociedade. O desfile é sempre carregado de simbolismo e reivindicações populares e tem um forte comprometimento com as causas sociais.

Os poderes constituídos na cidade estão escutando as vozes dos-as excluídos-as ?

Tobler- Sinceramente acho que nem um pouco: os poderes constituídos da cidade de Joinville têm olhado sempre com grande preconceito e indiferença as vozes dos excluídos da cidade. O MPL, outros movimentos e setores populares têm sido perseguido e criminalizado na cidade de Joinville.

O nosso movimento, por exemplo, tem sofrido constante violência e repressão dos poderosos da cidade. Já fomos presos por nos manifestar em diversas ocasiões, perseguidos por grupos monopolistas do transporte coletivo com contratações de gangues e seguranças particulares para nos intimidar e perseguir.

Somos também constantemente criminalizados pela “imprensa marrom” de Joinville que tem se colocado como porta voz de grupos empresariais e políticos da cidade de Joinville.

O prefeito em exercício tem demonstrado em anos de governo um modo de governar, no mínimo, “fascistóide”, pois se alia à máfia empresarial local e a politicagem corrupta da cidade contra as vozes que lutam contra as injustiças sociais e tem usado de todos os poderes em mão para destruir e criminalizar os movimentos sociais da cidade.

A ditadura militar brasileira (1964-85) perseguia, prendia, torturava e até matava seus-uas opositores-as. Hoje ainda sofremos com as permanências esse nefasto momento da história recente do Brasil ?

Tobler- Atrevo-me a dizer que a ditadura não acabou definitivamente com a dita redemocratização do país.

Lembre dos exemplos que dei somente com o MPL Joinvile, um movimento que tem apenas três anos de atuação e militância e já foi diversas vezes perseguido e criminalizado com táticas que lembram seguramente os tempos ditatoriais.

O estado de direito que temos hoje é constituído por muitos do que mataram pessoas e destruíram a democracia brasileira.

Quer exemplos do que falo? A policia militar do mesmo período permanece até hoje com a mesma estrutura e cultura militar; o serviço de inteligência da antiga SNI só mudou o nome, continua com as mesmas táticas dos seus tempos criminosos de perseguição e espionagem, e tem vários espiões do período trabalhando dentro da agência.

O congresso nacional é repleto destes meliantes políticos da ditadura, o poder como um todo em diversos setores também tem cadeiras ocupadas por estes criminosos de guerra.

Os militares que perseguiram, mataram e estupraram seus opositores estão livres e impunes levando a vida normalmente, vivendo muito bem do dinheiro do povo que perseguiu.

Temos um exercito que é um verdadeiro cão de guarda dos poderosos nacionais e do capital internacional.

Mentira? Quando há uma ocupação de terra pelo MST lá está a policia militar ou o próprio exército armado até os dentes para proteger os “indefesos” latifundiários de terra.
Quando a cidade de Florianópolis foi tomada por uma multidão contra o aumento das passagens lá estava a polícia militar com todo seu aparato de repressão contra o povo e protegendo os terminais monopolizados pela máfia do transporte. Depois de uma verdadeira revolta popular os poderosos colocaram na cidade de Florianópolis um escritório da ABIN para vigiar a cidade insurgente.

Acho que se ficar listando há inúmeros casos a levantar, fico por aqui. E digo seguramente que estamos longe de um estado democrático verdadeiro, comprometido com seu povo bem como sua soberania.

No domingo (07 de setembro de 2008) foi preso o KT ou um movimento social, numa outra tentativa do Estado de criminalizar os movimentos sociais ?

Tobler- No domingo mais que um militante do Movimento Passe Livre foi preso um corpo simbólico dos movimentos sociais, manifestando ali dentro do Grito dos Excluídos em busca do direito à vida e o respeito pelos direitos humanos. Infelizmente mais uma vez foi coagido e calado pela força e a intolerância do Estado falsamente democrático.

Em relação à criminalização, quais são os próximos passos que você espera dos movimentos sociais da cidade ?

Tobler- Espero mais aproximação dos diversos movimentos sociais e políticos da cidade. Vejo que estamos infelizmente altamente fragmentados, cada um mais preocupada com bandeiras e ideologias do que a construção de um novo paradigma político e uma nova sociedade. Infelizmente fiquei muito triste por ver que muitos setores da dita esquerda me criticaram ou me deram as costas em um momento em que eu precisava de solidariedade.

Quais as razões para buscar a intervenção artística caracterizado de um militar de formas demoníacas?

Tobler_ Como o próprio grito que se manifesta e carrega forte simbolismo, tentei me manifestar de forma lúdica e artística para mostrar o horror das perseguições e torturas dos militares, com a intenção de fortalecer o assunto na sociedade sobre a lei de anistia. A idéia era usar a farda militar como fantasia, usando no rosto uma máscara de demônio como personificação máxima da maldade dentro de nossa visão cultural religiosa brasileira. Vestido desta forma desfilaria na avenida carregando simbolicamente atados pela mão e pela boca três prisioneiros de guerra. Esta era a idéia a principio, que não se realizou pela truculência dos policiais, a mando dos soldados do exército.

Manifestar-se de forma lúdica sempre foi um traço muito forte em nosso movimento o MPL Joinville. Achamos nesta forma de expressão um canal poderoso de comunicação com a sociedade, principalmente para os mais jovens que geralmente simpatizam com esta forma de expressão e comunicação.

Como o próprio movimento é juvenil e do movimento estudantil nos manifestamos sempre longe dos tipos tradicionais de manifestação da esquerda, que a nosso ver já estão superadas e vistas com apatia pela nova conjuntura social brasileira.

Levar um caminhão de som subir lá em cima e se comunicar aos berros fazendo cara feia é algo do passado e esgotado como forma de comunicar-se com as massas para nosso movimento.

Nossa intervenção política não deixou de lado o megafone e nem abandonou o diálogo, mas acrescentou a este uma forma alegre e descontraída de se manifestar através do ludismo artístico.

domingo, 28 de setembro de 2008

Ativista do Passe Livre é absolvido

O ativista do Movimento Passe Livre Kleber Tobler foi absolvido da acusação de desacato a autoridade feita pela Polícia Militar/Exército Brasileiro, durante o desfile do dia da Independência, no 7 de setembro.

Kleber chegou a ser preso durante o desfile por estar usando uma farda antiga e uma máscara de demônio. O grupo iria realizar uma encenação sobre a ditadura militar, apoiando a abertura dos processos criminais contra os torturadores.

No julgamento, ocorrido na quinta-feira (25 de setembro), tanto a polícia quanto o exército afirmaram não terem entrado com o processo contra Kleber. O processo foi arquivado e o ativista permanece com ficha limpa.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Lei popular do passe livre

Movimento Passe Livre se prepara para as eleições

O Movimento Passe Livre está se preparando para grande ação de coleta de assinaturas para a lei popular do passe livre, no dia 5 de outubro. Caso tenhamos 5% das assinaturas dos eleitores da cidade, podemos apresentar uma lei do passe livre na Câmara de Vereadores.

Os militantes estarão em cinco colégios da cidade para conversar com a população e coletar as assinaturas. Caso haja segundo turno, os colégios serão trocados para uma segunda rodada de coleta.

Julgamento é amanhã

Após a prisão arbitrária do ativista do Movimento Passe Livre K. T, de 25 anos, a Polícia Militar decidiu processá-lo por crime de usar farda sem ser da corporação.

O Julgamento está marcado para às 14h30 de amanhã (25 de setembro) , no Fórum de Joinville. A advogada do Centro de Direitos Humanos, Cyntia Pinto da Luz, vai defender o membro do Movimento Passe Livre.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Ativista do Passe Livre é preso no 7 de setembro


O ativista do Movimento Passe Livre, Kleber Tobler, 25 anos, foi preso ontem, durante o desfile oficial do dia da independência. Sob a acusação de "desacato a autoridade", o estudante foi levado pelos policiais por estar fantasiado para uma encenação que ocorreria durante o desfile. Junto a outras organizações sociais, o Passe Livre pretendia reforçar o debate sobre a revisão da lei da anistia. Kleber estava usando uma máscara de demônio e usava uma farda de militar. O estudante foi liberado às 11h30, e responderá a processo por desacato.


O Movimento Passe Livre está se mobilizando para conseguir a absolvição do estudante. Os advogados do Centro de Direitos Humanos foram acionados. Em breve, mais informações sobre o caso.

Veja mais fotos
1 | 2 | 3














Fantasia de estudante era para encenação sobre lei da Anistia

Desfile de 7 de setembro atraiu mais de 3 mil pessoas em Joinville

reproduzido de: http://www.clicrbs.com.br/anoticia/jsp/default.jsp?uf=2&local=18&section=Geral&newsID=a2167028.xml

O sol apareceu para a alegria das mais de 3.500 pessoas que se amontoaram neste domingo de manhã na Avenida José Vieira, em frente ao Centreventos Cau Hansen. O desfile de 7 de setembro exibiu a banda do 62º Batalhão de Infantaria e 29 escolas locais além de outras associações de Joinville.

Criatividade, tradição e beleza uniram-se ao longo da rua, encantando os apreciadores. Mas nem tudo saiu como planejado: o Movimento do Passe Livre, que foi um dos últimos grupos a desfilar, causou confusão com a polícia. Fazendo alusão à época da ditadura, um dos integrantes, o estudante Kleber Tobler, 25 anos, foi preso. Ele usava farda militar e uma máscara de demônio. Kleber foi liberado no Complexo Militar às 11h30 da manhã.


Fonte: AN

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Passe Livre no 7 de setembro

Pelo quarto ano consecutivo, o Movimento Passe Livre vai realizar manifestações no dia da independência, no desfile oficial de 7 de setembro. O local para o encontro dos/as participantes dos GRITOS será a entrada do SESC, entre as ruas Orestes Guimarães e Avenida Beira-rio. Horário as 08:00. Participe.

domingo, 17 de agosto de 2008

Passe Livre nos jornais

Mais uma vez, o tema passe livre está em debate nas seções de cartas dos jornais. A última, publicada em A Notícia, está disponível também aqui.

"O leitor Renni Schoenberger comete equívocos em carta publicada no dia 10/8. Há movimentos sociais, como o Movimento Passe Livre, que existem para além das eleições, com uma estrutura apartidária, cujas reivindicações, além do passe livre, envolvem propostas de desmercantilização do transporte. Os recursos para o financiamento do passe livre são claramente apontados: virão de impostos progressivos (por exemplo, IPTU maior para mansões de luxo e terrenos desocupados) e arrecadação em publicidade de bussdoors. O dinheiro das multas de trânsito e de auditorias nas empresas de transporte para a verificação dos lucros também seria revertido em favor desse direito. Portanto, é lamentável a afirmação de que o passe livre será financiado pelos trabalhadores. O passe livre é a maneira de garantir à juventude o direito à educação, à cultura, ao trabalho e ao lazer, além de iniciar uma importante redistribuição de renda, tributando ricos em favor da maioria da população e ajudar no caminho de uma sociedade mais igualitária".

Hernandez Vivan Eichenberger
Joinville

sábado, 9 de agosto de 2008

Candidatos falam sobre transporte coletivo

Os candidatos a prefeitura de Joinville defenderam suas posições sobre o transporte coletivo, na edição de sábado do jornal A Notícia. A pergunta foi formulada por um leitor: "O que vai fazer para melhorar o transporte coletivo de Joinville?". Abaixo, reproduzimos e comentamos as propostas dos candidatos.

Carlito Merss (PT)
"Vamos incentivar o uso do transporte coletivo com a redução da tarifa por meio da desoneração tributária da planilha, de subsídio ao óleo diesel e do incentivo para o uso do sistema, estimular o uso de combustíveis alternativos, como o biocombustível e o gás natural e ampliar a frota de articulados, reduzindo custos operacionais e aumentando a capacidade de transporte."
A opinião do Passe Livre: A desoneração tributária não é uma boa saída para o transporte, pois é um paliativo que vai mater o preço da tarifa "pagável" e dar mais tempo para as empresas do setor lucrarem em cima da população.


Darci de Matos (DEM)

"Joinville tem um dos melhores sistemas de transporte coletivo do
Brasil. É eficiente, limpo e moderno. E para melhorar ainda mais, é preciso atrair mais investimentos, colocar mais ônibus nas ruas, dar mais conforto para o usuário e oferecer mais facilidades para o acesso a este tipo de transporte. Isso eu vou garantir para a população"
A opinião do Passe Livre: Darci de Matos realmente nunca deve ter andado de ônibus em Joinville. Ônibus lotado jamais poderá ser eficiente, limpo e moderno.


Kennedy Nunes (PP)
Vamos, em nosso governo, implantar o sistema metrô de superfície,
iniciando com uma linha que ligará o PA da Zona Sul ao terminal da
Zona Norte. Para os usuários de ônibus trabalharemos na bilhetagem temporal, dando uma flexibilidade de conexões, sem a obrigatoriedade de entrar nos terminais. O sistema atual permite que essa medida seja implantada imediatamente.
A opinião do Passe Livre: A proposta de bilhetagem temporal (como o bilhete único em São Paulo) pode ser uma melhora significativa, mas não deixa de ser um paliativo para o problema principal: o preço da tarifa.


Mauro Mariani (PMDB)
O transporte coletivo é a saída para evitarmos o caos no trânsito. Vamos rever o sistema, fortalecendo a presença da Prefeitura na gestão em favor dos usuários. A infraestrutura da cidade está ligada ao transporte coletivo. Serão necessárias obras para viabilizar a fluidez do tráfego, com ciclovias, abrigos com informações corretas de horários, mais e melhores ônibus.
A opinião do Passe Livre: Quando Mariani fala em "rever o sistema, fortalecendo a presença da Prefeitura", pode estar discursando a favor de um controle mais rígido sobre Gidion e Transtusa. Difícil acreditar.



Rodrigo Bornholdt (PDT)
Fui o primeiro a falar do metrô de superfície, o veículo leve sobre trilhos, que é uma das principais propostas. Vamos investir nas linhas diametrais, mudar os corredores de ônibus, alterar a bilhetagem para que o passageiro possa sair do terminal durante determinado tempo e atender aos jovens, definindo criteriosamente o passe livre para estudantes.
A opinião do Passe Livre: Rodrigo fala em passe livre, mas não diz necessariamente quais são os critérios e como pretende financiá-lo.


Rogério Novaes (PV)
Um ponto importante é mudar o conceito, fazendo a circulação principal pelo anél viário.O terminal central deixa de ser necessário e as pessoas passam a ter acesso a um sistema ágil. A passagem passará a ter preço único. O preço cairá em pelo menos 12%, recuando para R$ 1,80 ainda que o município tenha que contribuir na composição de custo.
A opinião do Passe Livre: Novaes fala em subsidiar a tarifa, para que ela fique na casa dos R$ 1,80. Claro, uma tarifa mais barata sempre é bom, mas se há a disposição de subsidiar a tarifa, porque não assumir de vez o sistema?

Líder da Comam quer passe-esmola

O senhor Reinaldo Gonçalves, nosso já conhecido líder do Conselho Municipal das Associações de Moradores (Comam), enviou carta ao jornal Notícias do dia para rebater nossa proposta de municipalização do transporte coletivo, defendo o passe-esmola (ver imagem). Na carta, Reinaldo diz que representa 100 associações de moradores da cidade.

A opinião de Reinaldo - ex-funcionário do gabinete do prefeito e filiado ao PSDB - também foi publicada na coluna de Jefferson Saavedra (ver aqui) para a qual enviamos um e-mail. Reproduzimos abaixo a nota na coluna do jornalista e também o e-mail que enviamos ao mesmo.

"PASSE - Reinaldo Gonçalves, do Conselho Municipal das Associações de Moradores, está irritado com as promessas de passe livre. "Passe livre sim, mas para estudantes pobres", diz ele."

E-mail enviado ao Saavedra

"O senhor Reinaldo Gonçalves, da Comam, referido na coluna AN.Portal de hoje (05/08), trabalhava no gabinete do prefeito Marco Tebaldi (PSDB). Foi demitido quando, misteriosamente, bancou sozinho diversos outdoors acusando um político de ser favorável ao aborto.

O senhor Reinaldo é filiado ao PSDB.

O senhor Reinaldo, durante o último aumento de tarifa (26/08/2007) afirmou que mais de 60 associações de moradores aprovaram o aumento de 6% na tarifa, em uma reunião no gabinete do prefeito. A prefeitura até fez uma notícia em seu site. Até hoje, nenhuma imagem desse suposto encontro apareceu na imprensa. Nenhuma.

O que nós queremos é a criação de um Fundo Municipal de Transporte Coletivo (FMTC), com verbas direcionadas para bancar os custos do passe livre. A única maneira disto acontecer é através da municipalização dos transportes. Multas de trânsito, IPTU progressivo, arrecadação de publicidade em bussdoor, entre dotações próprias, vão financiar esse direito assegurado em 105 cidades do Brasil.

O senhor Reinaldo quer passe livre para "estudante pobre". Não quer mexer no terreno podre das concessionárias, há 40 anos na cidade sem nunca terem passado por licitação.

O senhor Reinaldo não vê o passe livre como direito.

O que o senhor Reinaldo quer é o passe-esmola".

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Candidato do PDT promete "abrir caixa preta do transporte"


Ainda sobre os candidatos as eleições 2008. Depois de Rodrigo Bornholdt (PDT) prometer passe livre estudantil, um dos seus candidatos a vereador, Charles Henrique, promete "abrir a caixa-preta do transporte coletivo". O registro da promessa está no Youtube.

"O vereador deve cobrar, deve abrir a caixa-preta do transporte coletivo (...) Não digo que vou mudar de uma hora para outra as empresas, mas sim cobrar o serviço eficiente com o verdadeiro valor que você paga na pasagem", diz o candidato, no vídeo.

Reafirmamos a toda militância do Movimento Passe Livre: as promessas virão, independente do partido ou candidato. E só o tempo vai dizer se são ou não vazias.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Candidatos prometem passe livre

Os candidatos a vereador Adilson Mariano, Edinho Negão e Moacir Nazário (todos do PT),além do candidato a prefeito Rodrigo Bornholdt (PDT) estão prometendo ações para concretizar o passe livre estudantil em Joinville.

Mariano já propôs o projeto do passe livre duas vezes. Atualização 9/08/2009: Como bem lembrou H., o projeto previa que o financiamento do passe livre saísse dos próprios lucros das empresas de transporte.

O Movimento Passe Livre reforça que está coletando assinaturas para uma lei popular do passe livre, como alternativa para dar força ao projeto, fazer uma discussão com a comunidade e reafirmar o caráter popular do passe livre e do movimento.

Nos vemos nas ruas!

Saiu no A Notícia

Uma tímida nota sobre a carta que o Movimento Passe Livre enviou à imprensa saiu na coluna AN Portal, de Jefferson Saavedra, na edição de hoje (4 de agosto). Ao invés de esclarecer que o movimento é apartidário, como mostra a carta enviada ao Notícias do Dia, a nota apenas constata que o movimento quer também a municipalização do transporte coletivo de Joinville. Tampouco, revela ao leitor joinvilense que já existem 105 cidades com passe livre no país.
Abaixo, a íntegra da nota, ou se preferir, clique aqui.

"TRANSPORTE - Não é só passe livre para os estudantes a bandeira do Movimento Passe Livre. O grupo acha que o benefício só será possível com a municipalização do transporte coletivo."

domingo, 3 de agosto de 2008

Passe Livre participa de audiência pública


O Movimento Passe Livre participou da audiência pública que debateu os corredores de ônibus instalados rcentemente nas ruas João Colin e Blumenau. O plenário da Câmara estava lotado, e dois grupos dividiam o local: um, a favor dos corredores, e outro, contrário.

Um militante do Passe Livre utilizou a palavra livre para reiterar que o Movimento é favorável a ações que melhorem o transporte coletivo. Entretanto, do jeito que foi realizado, a ação da prefeitura, além de eleitoreira, beneficia apenas as empresas de transporte coletivo, que terão redução nos custos sem repassar esses valores para a tarifa de ônibus.

Saiu no Notícias do dia


Saiu no Notícias do dia do último fim de semana (2 e 3 de agosto). Após o candidato a prefeito Rodrigo Bornholdt (PDT) prometer o passe livre para estudantes, o movimento decidiu enviar uma carta à imprensa, pois vários políticos estão prometendo ações relacionadas ao passe livre estudantil. Clique na imagem ou leia a carta na íntegra abaixo.

"Ficamos muito contentes com a volta do tema passe livre às páginas dos jornais da cidade. Não é surpresa para nós que os candidatos, afoitos por conseguir mais votos, prometam que vão lutar pelo por esse direito, garantido em 105 cidades do Brasil.

Na onda eleitoral, até Edilson Nunes (P-Sol) afirmou que fez parte do movimento e que apoiava a causa. Rodrigo Bornholdt (PDT) prometeu passe livre para estudantes. Três candidatos a vereador do PT prometem fazer uma lei do passe livre.

Voltamos a afirmar, o Movimento Passe Livre é um movimento apartidário, sem amarras com políticos e legendas. Nem Edilson, nem P-Sol, nem PT,nem PDT,nenhum deles participa, opina ou coordena nossas ações.

O passe livre não poderá acarretar aumento na tarifa dos outros usuários. E a única maneira disto acontecer é através da municipalização dos transportes. O passe livre será pago com verbas específicas, como multas de trânsito, IPTU progressivo, arrecadação de publicidade em bussdoor, e assim por diante.

Santa Catarina deveria seguir o exemplo do Rio de Janeiro, onde os estudantes de todo o estado tem o direito ao passe livre."

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Novo Blogue!

O Movimento Passe Livre colocou no ar hoje seu novo layout. Em breve mais novidades.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Relato do debate de sábado

O Movimento Passe Livre promoveu um debate sobre o transporte coletivo urbano na cidade de Joinville, no último sábado, no Bom Jesus/Ielusc. O evento começou por volta das 9h30 da manhã e a empolgação foi tanta que durou até as 13 horas.

Após uma breve fala, foi apresentado os objetivos do movimento: a construção para a luta pelo passe livre, democratização ao acesso ao transporte coletivo e o debate para tornar o transporte coletivo de caráter público.

Os/as participantes eram ativistas do movimento, membros do MST, estudantes universitários-as e do ensino médio. Um dos militantes apresentou um histórico do movimento na cidade e exibiu imagens da luta, que já acontece a três anos.

Em seguida, houve a exibição do documentário "Saída de Emergência", de Leonel Camasão. A partir do filme, o debate foi realizado.

Os/as presentes comentarem uma série de questões, que acabou fazendo o debate se tornar um evento deliberativo, já que foram encaminhados dois novos encontros para o mês de agosto. O primeiro será um debate com a diretoria do Calhev e os demais interessados da Univille. O segundo encontro debaterá combustíveis alternativos e a cultura do carro em detrimento do transporte coletivo. A princípio, os debates vão ocorrer nos dias 02 e 16 de agosto, respectivamente.

O Movimento Passe Livre fica contente em ter conseguido a participação de 20 pessoas num evento ocorrido numa manhã de sábado.O debate estreitou laços internos e externos, e inspirou a luta pelo passe livre e inversão da lógica de mercado do transporte coletivo na cidade.

segunda-feira, 21 de julho de 2008

Uma insólita confluência de interesses

Classes em ação

Seja lá o que for, as classes só podem ser definidas em sua ação. Um amontoado de pessoas não constitui uma classe, mas sim um processo subjetivo e objetivo, não-linear e complexo de agrupamento, conformação social e organização política. A idéia de “classificação” não combina com a análise de classes.

A ação ou movimento das classes é, via de regra, a luta. O momento da luta é o momento de maior nitidez das classes, onde elas aparecem de maneira explícita em sua face e interesses. Nos momentos de “paz” temos de ser pacientes e, como em uma passagem na neblina, “levar o barco devagar”[1].

A situação insólita

Em Joinville, para irmos direto à coisa, foram criados corredores de ônibus nas ruas João Colin e Blumenau (a ser concluído até dia 16 de julho)[2]. A repercussão foi midiaticamente significativa e levou à cena pública como atores principais de uma polêmica a Prefeitura e Empresas de Transporte versus Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL)[3]. A idéia dos corredores é antiga[4], mas, conforme observou um jornalista atento, é implantada por “coincidência” em ano eleitoral[5].

O posicionamento dos agentes até agora discriminados pode ser esboçado da seguinte maneira: de um lado, as Empresas e a Prefeitura, reclamando-se portadoras do interesse da população, da mobilidade urbana, acusando a CDL de corporativismo; de outro, a CDL, representante do interesse do emprego, da economia local, contra a Prefeitura, acusando-a de autoritarismo.

A CDL, por sua vez, preparava uma manifestação pública, com previsão de fechamento de rua, cuja palavra de ordem era “Não ao corredor de ônibus” – manifestação essa abortada. Efetivamente, encaminhará estudos jurídicos que permitam a reversão dos corredores e uma audiência pública. É fácil notar uma mudança, ou no mínimo uma oscilação, do discurso dos dirigentes da CDL que de mérito – o desemprego que em tese os corredores vão provocar com a redução do movimento do comércio – passaram a criticar a forma[6] – a antidemocracia do prefeito.

A tragédia da CDL é que, simplesmente, seus interesses não são universalizáveis e sequer podem se apresentar assim. Os corredores apresentam uma melhora efetiva no tempo consumido pelos usuários de ônibus para seu deslocamento e esses usuários são a maioria da população – ainda que agentes desorganizados. Como se não bastasse, a CDL, representante da pequena-burguesia joinvilense, é incapaz de superar suas limitações de classe e avançar na luta política para além de uma mera denúncia ou ação jurídica. Salvo melhor juízo, está de antemão derrotada.

As empresas e Prefeitura, que podem ser encaradas, para além desse evento particular, como um bloco só, apresentam sua proposta de corredores, já implantada, como praticamente superior na resolução dos problemas de trânsito, no mínimo em curto prazo. As vias livres vão permitir uma melhora no tempo de viagem dos usuários de ônibus, além de servirem como corredores para ambulância e polícia. Ou seja, coincidem com o interesse público. Entretanto, há mais interesses que isso, e, como lembra Sérgio Gollnick, à redução de tempo e estresse do usuário será reunida uma terceira redução, a de custos operacionais às empresas de transporte que não incidirá sobre uma improvável diminuição de tarifa, “mas sim num breve aumento da margem dos operadores”[7].

Qual dessas posições é autenticamente a posição popular ou a “menos pior”? A uma pergunta ingênua, cabe a resposta, dada em uma situação diversa, de um socialista soviético: Ambas são as piores.

O bom mau-exemplo: Curitiba

Curitiba, para além da apologética pela qual tem seu sistema de transporte freqüentemente lembrado, apresenta um caso interessante que pode ajudar na compreensão dos interesses em torno dos corredores de ônibus em Joinville. Os corredores de ônibus foram implantados na gestão de Jaime Lerner, prefeito biônico indicado pela ditadura militar. O modelo urbanístico aplicado por Lerner privilegiava alguns eixos de desenvolvimento em detrimento de outros. Era o caso de planejar uma cidade cuja característica se mostraria como a exclusão do direito efetivo à cidade.

Até aí nada que se mostre diferente das cidades brasileiras. O cerne da questão consiste em que o modelo urbanístico de Lerner privilegiou a construção de grandiosos corredores de ônibus e esse era o projeto – autêntico – do que podemos chamar de grande burguesia. Ao invés da especulação imobiliária local e comerciantes, Curitiba foi planejada sob a égide dos grandes industriais que tinham em importância os ônibus, a mobilidade de milhares de trabalhadores/as, como mobilidade de mão-de-obra. Quer dizer, o transporte possuía, ao invés do papel prioritário de servir ao comércio local ou, em uma condição ideal, ao direito à cidade, o propósito de servir como deslocamento de trabalhadores/as para seus empregos. Nesse contexto, os ônibus se mostravam o meio mais competente para a execução dessa tarefa – ou seja, nada que ver com um sentido do público presente em germe no modelo lernista de cidade[8].

A lição básica é que entre a grande burguesia e a pequena-burguesia não há confluência automática de interesses. Ao contrário, no local, os choques podem ser freqüentes e são vários os políticos cuja representação gira em torno desses setores[9]. Disso é possível pensar o porquê que ambas as propostas, no que refere à Joinville, são piores.

Uma insólita, indesejável e nociva confluência de interesses

A um primeiro olhar, imaginando uma ação de qualquer movimento que se paute em razão do transporte coletivo e sua desmercantilização, a posição da Prefeitura/Empresas parece a mais adequada: faz pouco caso dos interesses particulares da pequena-burguesia, contribui com o primado do ônibus sobre o carro e aplica uma política de benefício ao usuário. Todavia, os corredores de ônibus são rigorosamente consoantes à manutenção do poder político local, na medida em que servem para o fôlego e sobrevida para a tarifa de ônibus ao “módico” preço de R$2,05 antecipada e R$2,50 embarcada. Além disso, como já dito, os corredores não se traduzem, imediatamente, como uma política popular; vale lembrar, o deslocamento de pessoas, sob o regime do lucro e da exploração, não é necessariamente “progressista”. Evidente, porém, que os corredores são uma proposta anos-luz mais avançada que as idéias da CDL. Disso não resulta, contudo, uma adesão ao programa dos empresários, mas sim o apoio ao que é melhor, não se esquecendo do abismo que separa o programa do MPL do programa dos empresários.

Portanto, ao MPL Joinville não cabe a confluência de interesses com a Prefeitura/Empresas. A posição possível é aquela que sustente a independência e crítica ao modelo que continua a vigorar na gestão do transporte. Não cabe, tampouco, fazer eco à democracia de conveniência da CDL, proposta quando a ela interessa.

Ambos atores, Empresas/Prefeitura e CDL, pretendem galvanizar a população ao seu projeto. O vácuo sempre sugere um lado. Isto é, sem a apresentação de um projeto alternativo a tendência é as pessoas aderirem ao que lhes dará maior conforto em suas viagens.

A hegemonia se constrói pautando-se continuamente na sociedade, lutando pelo direito à fala, constituindo-se como agente, passando do estágio de conformação social para o estágio da organização política da classe. Se à briga desses dois atores, cuja divergência é menor do que as páginas dos jornais estão dispostas a admitir, não se somar outro ator, corre-se o risco de fazer do Movimento Popular um coadjuvante da História. Ao MPL resta, com sua ousadia costumeira, ser a terceira voz.



[1] Aproveito-me da idéia de Francisco de Oliveira, por sua vez se inspirada em Paulinho da Viola, em Oliveira, F., Genoíno, J. e Stédile, J. P. Classes Sociais em Mudança e a luta pelo Socialismo, Editora Fundação Perseu Abramo, 2000, Série “Socialismo em Discussão”.

[2] Para ficarmos apenas com a notícia, conferir o Jornal A Notícia (AN) do dia 4 de julho de 2008, coluna de Jefferson Saavedra.

[3] Para o relato do combate que se armava, ver o AN de 9 de julho de 2008.

[4] Alertei aos companheiros do Movimento Passe Livre Joinville, no dia 22 de fevereiro de 2008, via lista de e-mail, sobre a existência de um livreto institucional das empresas Gidion e Transtusa cuja publicação data de 1988, salvo engano, no qual é claramente proposta a idéia dos corredores. No mínimo, para nos mantermos no nível mais raso da pesquisa histórica, a proposta dos corredores data desse ano, 20 anos, portanto. A quem interessar possa, o livreto se encontra na biblioteca da UNIVILLE e sua referência é 338.4098164 E82e REF.

[5] “Coincidências” em Blog do Camasão, http://blogdocamasao.blogspot.com/2008/07/coincidncias.html, acesso em 13 de julho de 2008.

[6] “Desde que nos posicionamos contra, não fomos mais ouvidos”, José Manoel Ramos, Jornal Notícias do Dia (JND), dos dias 12 e 13 de julho de 2008, p. 5.

[7] “Goela abaixo”, JND, dos dias 12 e 13 de julho de 2008, p. 3.

[8] Em breve, o Movimento Passe Livre de Curitiba irá publicar o texto História do Transporte em Curitiba em www.fureotubo.blogspot.com . Haverá maiores detalhes sobre a política urbana de Jaime Lerner e a idéia de “cidade-modelo” será desmistificada.

[9] Exceto Darci de Matos, segundo a edição de 13 de julho do AN, os demais prefeituráveis são contrários aos corredores de ônibus. No entanto, ao que tudo indica, são contra por mero oportunismo. Ou se remetem à forma ou assumem explicitamente os interesses da pequena-burguesia. São completamente incapazes de apresentar uma proposta alternativa. Penso que mais do que investigar as “linhas de força” entre classe e representação, cabe mais observar diretamente os atores envolvidos e suas entidades políticas. A análise sobre os prefeituráveis, nesse caso, é pouco produtiva.
A disputa pela prefeitura de Joinville tem se caracterizado pelo vazio de idéias e pela completa falta de audácia política no que se refere ao transporte – para ficarmos com o mínimo. Vale notar, por justiça, que no AN não consta a posição dos prefeituráveis do PSOL e do PSTU em relação aos corredores.

Por Hernandez Vivan Eichenberger

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Debate com o Movimento Passe Livre

O Movimento Passe Livre está convidando você para participar de um debate sobre o transporte coletivo e a luta pelo passe livre na cidade de Joinville.
Qual o objetivo do movimento? Como financiar o passe livre? Isso existe? É possível? Essas e outras perguntas serão respondidas.
Ainda no debate, a exibição do documentário: "Saída de Emergência".

ONDE: Bom Jesus/Ielusc - SALA C-20
QUANDO: Sábado, 19 de julho
HORÁRIO: 9 horas
Entrada gratuita


Carta aberta a comunidade joinvilense

Nas últimas semanas, a mídia local deu ampla cobertura para as obras dos corredores de ônibus das Ruas João Colin e Blumenau, projeto executado pela Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ) e amplamente incentivado pelas Empresas Privadas de Transporte Coletivo (Gidion/Transtusa), A iniciativa gerou polêmicas e críticas da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), porque os corredores excluiriam a área para stacionamentos nessas ruas, o que poderá diminuir as vendas. Para eles, é um projeto autoritário, visto que não considerou a opinião da CDL. Em contra partida a PMJ respondeu que os corredores diminuirão os custos para as empresas privadas de transporte coletivo, privilegiando assim o transporte coletivo em detrimento do individual, ou seja, ônibus ao invés de carros, dessa maneira possibilitando uma suposta melhoria na qualidade de vida aos moradores/as da cidade.

Considerando o contexto apresentado, o Movimento Passe Livre de Joinville, tem a necessidade de expressar publicamente os seguintes pontos:

1 – A postura autoritária da PMJ e das empresas privadas de transporte coletivo não nos causa espanto ou um pingo de estranheza sequer, afinal já a vivenciamos em momentos como os aumentos das passagens no transporte coletivo.

2 – Percebemos que, como entramos em plena corrida das eleições municipais, é fácil identificar que as obras estão mais para benefícios dos candidatos da situação às vagas na Câmara e na própria Prefeitura do que realmente à população da cidade de Joinville.

3 – A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) é uma entidade representativa dos proprietários das lojas, assim o discurso de resistência à abertura dos corredores não representa os interesses de toda a população, mas apenas um segmento da cidade.

4 – O corredor na Rua João Colin dificultará o trafego dos/as ciclistas/as, como já afirmaram a PMJ, chegando ao ponto de dizer que não é indicado pedalar. Dessa maneira podemos considerar que restringirá o direito constitucional de ir e vir, consequentemente excluindo o discurso pela melhoria da qualidade de vida, evidenciando assim o interesse único e exclusivo da empresas privadas de transporte coletivo, deixando o interesse público como mera conseqüência.

5 – A diminuição dos custos com a abertura dos corredores não resultará numa redução no preço da passagem, o que desenvolveria um maior acesso ao transporte coletivo em detrimento do transporte individual.

Entre os pontos citados acima, provavelmente existe espaço suficiente para questões, talvez problemáticas ou não, que os olhos militantes do Movimento Passe Livre está impossibilitado de enxergar, assim como acreditamos, seja o caso da maioria da população. Um problema presente não só em Joinville, como em qualquer outro lugar onde interesses privados subjugam os coletivos. Nesse ponto, acreditamos ser válido o levantamento crítico da CDL em relação ao autoritarismo da PMJ, que agiu defendendo mais do que o interesse da população, os interesses das empresas Gidion e Transtusa. No entanto, devemos considerar que melhor planejado, e com abertura para uma discussão ampla sobre o projeto, os corredores realmente seriam um desejo a ser cumprido da população joinvilense, e isso a CDL não está dando a importância necessária.

Pensamos também, que o simples fato de implantar corredores de ônibus, não é o suficiente para uma melhoria significativa tanto no trânsito como na qualidade de vida, e que isso só seria possível com uma política mais ampla e consistente, a qual é logo descartada ao constatarmos que meios de transportes alternativos são simplesmente ignorados no planejamento urbano. Corredores de ônibus são criados, porém ciclovias não. Resta a nós pensar o que acima foi citado, que o interesse da população nesse caso, seria mera coincidência com o interesse das empresas privadas de transporte coletivo.

O Movimento Passe Livre, entretanto, propõe o seguinte, e diga-se de passagem que não acredita ser trabalhoso colocar essa proposição em prática:

- Que a história, no futuro, possa servir para a compreensão da necessidade de um debate democrático e amplo com a população joinvilense, assim efetivando a inserção de todos os beneficiados na escolha do beneficio, ou seja, das obras futuras.

Concluímos então, que ambos os lados estão reivindicando a voz da população para si, quando nenhum dos dois a escutou.

Movimento Passe Livre
17/07/2008

sábado, 12 de julho de 2008

Movimento Passe Livre visita MST


Integrantes do Movimento Passe Livre Joinville vão visitar, hoje, um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra em Araquari.

O objetivo do encontro é trocar experiências entre os dois movimentos, conhecer-se mutuamente e buscar aproximação com outras organizações.

segunda-feira, 7 de julho de 2008

De zica

Não que Joinville ainda mereça ser chamada de "Cidade das Bicicletas", mas a quantidade de gente andando de zica está bem acima da média nacional. De acordo com o Ministério das Cidades, em cidades com população entre 250 mil e 500 mil habitantes, 3,39% dos moradores andam de bicicleta em maior parte de suas viagens. Mesmo que as ciclovias ainda sejam insuficientes.

Nos municípios na faixa 500 mil/1 milhão, o índice cai para 1,75%. Pois em Joinville é de quase 8%. Na cidade, o veículo próprio (carro ou moto) lidera, com 34,25%, seguido pelo transporte coletivo, com 27,67%. O resto, pouco mais de 30%, se desloca na maioria das vezes a pé mesmo.

Da coluna An Portal

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Agora temos: Downloads!!


Inauguramos uma nova sessão de downloads no blogue. Os outros links de postagens antigas foram apagados por acidente, portanto, botamos tudo aqui embaixo. E com novidades.


Entrevistas

Com Lúcio Gregori, ex-secretário de Transportes de São Paulo. É o idealizador do projeto Tarifa Zero.

Trabalhos acadêmicos

Elementos Jurídicos e Políticos do Serviço público de transporte coletivo de passageiros

(Monografia/Direito)
Autor: André Moura Ferro.
O autor faz uma abordagem jurídica da questão do passe livre, e defende a estatização do sistema de transporte, fazendo uma crítica ideológica às propostas do Movimento Passe Livre.

A ação coletiva dos estudantes secundaristas: passe-livre no Rio de Janeiro
(Dissertação de Mestrado/Educação)
Autor: Marjorie de Almeida Botelho.
Pesquisa acadêmica que investiga e reconta a história da conquista do passe livre no Rio de Janeiro, no final da década de 1980, e qual o papel dos estudantes secundaristas no processo.

Livros


Apocalipse Motorizado, de Ned Ludd (org.). O livro traz diversos artigos e sugestões de como enfrentar a ditadura do automóvel. Vale a pena conferir.




















Guerra da Tarifa 2005, de Leo Vinicius. Conta os acontecimentos da Revolta da Catraca, em Florianópolis. O movimento barrou o aumento das tarifas na ocasião.


















Jornal Nacional do Movimento Passe Livre

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Nota de Esclarecimento

Motivado por um artigo do Diário Catarinense, o blogueiro, radialista e presidente da Juventude Socialista do PDT, Robson Cunha, afirmou em seu blog hoje (24/06) que o Movimento Passe Livre sofre aparelhamento da corrente petista Esquerda Marxista.

Sobre isso, temos a esclarecer:

1) Somos um movimento nacional, sem filiação partidária ou ideológica, guiados por príncípios organizacionais (tirados em uma plenária no quinto Fórum Social Mundial, em 2005). Esses princípios estão disponíveis aqui.

2) Por diversas vezes, entidades ligadas à Esquerda Marxista estiveram conosco em manifestações contra o aumento de tarifas no transporte coletivo, por termos uma - e somente uma - pauta em comum, que é a questão do transporte coletivo de Joinville. Nesses casos, comumente criamos Frentes de Luta.

3) Tanto a Esquerda Marxista quanto nós defendemos modelos semelhantes de gestão do transporte, com a seguinte ressalva: Eles pretendem a estatização (como no caso da Cipla) e nós pretendemos a Municipalização (gestão total do sistema pela prefeitura).

4) Como se pode observar no panfleto contra a condenação de Adilson Mariano, nem nós nem o Centro de Mídia Independente assinamos o documento, não porque acreditemos que a condenação seja justa, mas sim, porque nossos coletivos não foram avisados previamente do evento e não tivemos tempo de reunir a todos para debater o apoio oficial.

5) Reitera-se que consideramos a condenação de Mariano injusta, imoral e ilegal.

6) Reitera-se que, em 2006, estivemos em uma caravana semelhante para acompanhar o julgamento do Sargento Amauri Soares, que estava sendo julgado por motivos semelhantes ao de Mariano. Soares hoje é deputado pelo PDT. Ninguém nunca nos acusou de sermos aparelhados pelo PDT.

Esperamos ter desfeito o mal-entendido
Cordialmente
Movimento Passe Livre
Coletivo Joinville
24/06/2008

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A cidade sem hibiscos

Felipe Silveira*

Faço a vida passar entre saltos e corridas na cidade. Não há tempo para parar. Às 7h45 o ônibus passa e devo correr para pegá-lo. Saco um livro da mala, à noite tem prova. O trabalho me pede compromisso e o banco me pede dinheiro, não posso esquecer de dar um pulo no caixa eletrônico. Do jornal leio a manchete e os subtítulos. É o tempo que tenho. Ainda assim vivo. Flertar, beber, comer e dançar é fundamental.

Quem me dera – numa dessas corridas – escorregar num hibisco em frente à Câmara ou à Prefeitura. Quem me dera esbarrar num vereador. Quem me dera ser seqüestrado por comunistas. Eu imploro: me cooptem para uma causa. Em vão, os vereadores estão escondidos em seus gabinetes, o prefeito se escondeu no do vice a as organizações de esquerda estão disputando cargos. Além do mais, mandaram tirar os hibiscos das calçadas.

Deve ser esse o truque do inimigo multifacetado (Estado, mídia, empresários). Fazer as pessoas correr cada vez mais rápido, com os olhos no chão. Prender rabos, equipar ONGs, boicotar a educação e comprar jornalistas. Fingir que um parque pode salvar a cidade. Organizações empresariais fortes, com voz e espaço dentro dos gabinetes também são importantes neste processo. Cobrar quando as pessoas querem usar as praças, além de tornar o espaço desconfortável, sem sombras nem água fresca é uma técnica que deu certo. Limparam as calçadas dos hibiscos. Nos tiraram o tempo para sonhar.

Eu não posso fazer nada para mudar isso. Nem você. Já eu e você, opa, pode ser. Com uns amigos, quem sabe? Não, não se anime. Eles são em maior número. E têm muito mais dinheiro. Mas é necessário saber: alguém quer nos ferrar. Eles fazem você correr e fingem que está tudo bem.

Portanto, pare e não evite conflitos. Plante um pé de hibisco na calçada e torça para alguém cair ao escorregar nas flores vermelhas que se soltam todos os dias. Não perca o hábito de acordar cedo e fofocar com a vizinha enquanto varre a calçada. Não agrade o cliente, agrade o amigo. Não puxe o saco do professor, mas diga à namorada que ela é linda. Persista num mundo coletivo. Isso não é a solução, mas um princípio para acreditar na democracia (escrevi tudo isso para chegar nisso).

Não vou dar nenhum conceito para democracia aqui. A TV me impediu de lidar bem com palavras abstratas. Mas sei que não se trata só de levantar a mão para que a vontade da maioria seja feita. Democracia é participação. É se apegar a uma Constituição construída a muitas mãos. Aliás, é isso: construir juntos. Escrevo só para questionar o possível leitor: estamos construindo um mundo melhor democraticamente ou estamos aceitando passivamente as vontades de sujeitos interessados em engordar suas contas ocultas nas Ilhas Virgens.

Escrevi a primeira parte deste texto para mostrar que não consigo agir como gostaria. E também porque acho que isso acontece com muitos de nós. De qualquer forma, gostaria que o leitor pensasse nisso. Não sejamos o homem em Isidora, uma das cidades invisíveis de Italo Calvino:

“As cidades e a memória – 2

O homem que cavalga longamente por terrenos selváticos sente o desejo de uma cidade. Finalmente, chega a Isidora, cidade onde os palácios têm escadas em caracol incrustadas de caracóis marinhos, onde se fabricam à perfeição binóculos e violinos, onde quando um estrangeiro está incerto entre duas mulheres sempre encontra uma terceira, onde as brigas de galo se degeneram em lutas sanguinosas entre os apostadores. Ele pensava em todas essas coisas quando desejava uma cidade. Isidora, portanto, é a cidade de seus sonhos: com uma diferença. A cidade sonhada o possuía jovem; em Isidora, chega em idade avançada. Na praça, há o murinho dos velhos que vêem a juventude passar; ele está sentado ao lado deles. Os desejos agora são recordações.”

Felipe Silveira é estudante de jornalismo e um dos organizadores do movimento contra o reajuste de 36% dos vereadores.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Estudantes protestam contra aumento de 36% dos vereadores

Estudantes do Ielusc, Univille e Udesc participaram de protesto contra aumento dos salários vereadores em Joinville. Veja as matérias
Estudantes fazem protesto sem fantasia em Câmara de Joinville (An.com.br)
Batman é barrado na Câmara (A Notícia)
Vereadores Ignoram protesto de estudantes (Revi/Ielusc)
Veja vídeo da manifestação (An.com.br)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Batmans" vão invadir Câmara de Vereadores


Estudantes de Jornalismo do Ielusc e História da Univille estão planejando um protesto contra o aumento de 36% nos salários dos vereadores, AMANHÃ, ÀS 19 HORAS, na Câmara de Vereadores. A idéia é ir até o legislativo fantasiado de Batman ou outro super-herói. A idéia surgiu depois que um homem fantasiado do herói de quadrinhos entrou na Câmara, no dia da votação do aumento. Os vereadores vão ganhar, a partir do ano que vem, R$ 8,7 mil em vez dos atuais R$ 6,4 mil.

O Movimento Passe Livre apóia a iniciativa dos estudantes, e estará lá amanhã, para protestar junto com os estudantes. CONVIDAMOS todos/as a participar deste ato pelos nossos direitos.

Manifestação contra o aumento de 36% nos salários dos vereadores.
QUANDO: 10 de junho, TERÇA-FEIRA, às 19 horas
ONDE: NA CÂMARA DE VEREADORES

Uma leitura necessária

Por Maikon K.

Não tenho leitura profunda da obra do historiador Daniel Aarão Reis, somente li alguns artigos disponíveis na internet, assisti o documentário “Hércules 56 que aborda de maneira criativa e faz um recorte muito instigante do seqüestro do embaixador dos EUA no final da década de 60. Para aprofundar o interesse no trabalho do historiador foi conhecendo a trajetória como militante social que é considerável e louvável, quando percebemos que ainda se mantém ao pensamento anti-capitalista ( poderia dizer socialista ou comunista ?), ao contrário de outros-as daqueles anos de “chumbo”.

A proposta era simplesmente informar sobre a revista Fórum que publicou a entrevista do historiador Daniel Aarão Reis, mas com a leitura das observações críticas despertou uma reflexão sobre as minhas experiências nos últimos anos como estudante universitário.

Nostálgicos Não – Estudantes Sim!!!

“Quando se recupera o ano de 68, para além das celebrações acríticas, é preciso apontar e analisar estes descompassos de análise e de perspectivas entre a dinâmica interna dos movimentos sociais e as organizações revolucionárias. A partir deles é que se pode avançar mais na compreensão dos caminhos e descaminhos que viriam em seguida.”

O trecho em determinada maneira vêem referendar meus constantes argumentos em relação aos eventos de lembranças como os 20 anos do Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi – CALHEV – que compôs uma mesa para trazer fragmentos de memórias individuais da trajetória do movimento estudantil da UNIVILLE, assim falram dos anos 1970 ao tempo presente. Infelizmente consistiu em discursos nostálgicos, distante da realidade de hoje sobre as práticas estudantis e da administração da universidade, chegando ao ponto de ouvirmos palavras carregadas de elogios dos setores conservadores do corpo docente.

No questão do ano de 68 a minha preocupação volta-se a Semana de História da UNIVILLE, que acontecerá de 09 a 13 de Junho. Até o momento não encontrei a intenção de buscar uma reflexão profunda sobre o ano de 68 e os encaminhamentos das lutas sociais no tempo presente. O CALHEV, mesmo tendo passado por um processo eleitoral durante a construção da semana de história, poderia ter despertado a necessidade do debate. O mesmo vale para os demais estudantes que de uma maneira direta ou indireta se percebem como parte do movimento estudantil universitário de História.


“O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade” Zeca Afonso


A seguir a revista Fórum você encontrará:

“Fórum – Na sua opinião, quais ações da época foram equivocadas? O que poderia ter sido feito e não foi?

Reis - Acertamos em cheio no programa de reivindicações concretas. Considerá-las a sério, conseqüentemente rompendo com as tradições esquerdistas e instrumentalizadoras que vinham do Partidão em relação às chamadas entidades de massa, os diretórios estudantis e as uniões estaduais e nacional dos estudantes. Estas tradições também impregnavam a AP e o PC do B e mesmo as Dissidências e até hoje, desgraçadamente, continuam muito presentes, contaminando o PSOL e o PSTU, entre outros.”

O trecho trouxe a memória recente que vivi nos cinco anos como estudante de História na UNIVILLE, sendo que o minguado movimento estudantil universitário consistia em fortalecer as necessidades dos Partidos Políticos e das inexpressivas organizações políticas de juventude dos próprios Partidos.

A afirmação de que eram ( e são ) grupos pequenos ocorre porque a organização União da Juventude Socialista (UJS- ligado ao PCdoB) que apregoa como a maior entidade de juventude da cidade, seus-suas próprios-as filiados-as estavam (e estão) completamente a margem do se passa na sua organização e quando voltava-se as lutas dos estudantes buscavam (e continuam) somente a cooptação.

O mesmo posso considerar com a Juventude Revolução (JR ligado a Corrente Esquerda Marxista do Partido dos Trabalhadores - PT) quando passou a ganha expressão ao assumirem o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e felizmente abriu um canal de comunicação e produção com estudantes de fora da sua corrente, mas se perdeu no caminho da História ao buscar a cooptação dos estudantes. Sendo um dos fatores para o afastamento de uma relação aberta e democrática com os estudantes com inclinações anti-capitalistas ou simplesmente com valores de inclusão social no meio do movimento estudantil.

Em relação às demais “forças estudantis” ligadas ao PT, PMDB, DEM, PP, PDT e outros não tenho muito que falar, porque a prática é distante e são menores do que “seis gatos pingados”. Porém nocivos à mobilização e luta.

Por isso enquanto pendurar a distância das “lideranças” com a realidade dos-as estudantes universitários-as, a prática de cooptação a seus Partidos e Correntes não acontecerá uma reivindicação realmente estudantil, o que poderia despertar um interesse efetivo de responsabilidade e participação de todos-as.

O distanciamento de uma nova configuração das lutas estudantis poderá ficar nebulosa, quando os-as estudantes de História, que se mantiveram na trajetória de luta e reivindicações passaram recentemente por um processo eleitoral desgastante, que levou um afastamento, a priori, de estudantes ligados à base anti-capitalistas e com efetiva participação social. Assim levando em consideração a história do CALHEV e a falta de organização dos demais Centros Acadêmicos o receio torna-se ampliado.

A esperança de que no transcorrer do dia após dia espero me enganar e sentir o cheiro da contestação e das reivindicações estudantis no campus universitário e fora dele. E principalmente por aqueles-as que fazem vida estudantil: os-as estudantes!!!

sexta-feira, 30 de maio de 2008

Na imprensa -

  • Pedidos

    Como sabem que o aumento da tarifa dos ônibus não virá este ano, os empresários das concessionárias de ônibus procuraram o prefeito Marco Tebaldi ontem para uma série de reivindicações. As empresas querem agilidade nas mudanças no trânsito, como o corredor na Nove de Março, para amenizar a perda de tempo nas viagens, principalmente para a área central. As viagens estão 22% mais demoradas, em média.

  • Pega-fácil

    A Transtusa e a Gidion querem mudar o Pega-fácil. O sistema é deficitário, e os microônibus poderão ser utilizados em linhas de maior fluxo. Os horários das linhas Sul-Tupy e Tupy-Centro também poderão ser modificados. A Prefeitura vai analisar os pedidos dos empresários. Quanto ao corredor da Nove de Março, houve a garantia de implantação até o final do ano.

  • Notas publicadas na coluna An.portal, de Jefferson Saavedra.

Você acha que o passe livre restrito, que já existe em 105 cidades, é um avanço na luta pelo passe livre?

O Passe Livre perguntou: Você acha que o passe livre restrito, que já existe em 105 cidades, é um avanço na luta pelo passe livre?

A enquete teve 18 respostas, e o resultado foi quase unânime. 17 pessoas acreditam que sim, que o passe livre restrito é um avanço. Uma única pessoa respondeu não saber se é tanto avanço assim. O resultado completo está abaixo.


Sim, é um avanço









17(94%)
Não, é uma forma dos governos desmobilizarem os estudantes
0 (0%)
Não sei
1 (5%)
Outro (comente)
0 (0%)

quarta-feira, 28 de maio de 2008

Uma vida absurda, aceita como natural

Cada novo aumento da produção automobilística é comemorado pela mídia. Compram-se automóveis em 99 prestações. Entupidas, as cidades param. Estaremos, como diz Paulo Mendes da Rocha, nos dedicando a aprimorar a máquina de produzir veneno que inventamos?

José Correa Leite

(06/05/2008)

O governo, os empresários e a mídia comemoraram, em 2007, a produção de três milhões de automóveis no Brasil. Agora, ambicionam uma meta ainda maior. Grande parte desses carros foi vendida na cidade de São Paulo. Todos os dias, 650 novos automóveis (além de 250 motos) são licenciados. São apenas os últimos acréscimos a uma frota de seis milhões de veículos — a segunda do mundo. A capital paulista enfrenta um trânsito cada vez mais lento, forçando grande parte da população a passar horas e horas em congestionamentos.

Apesar do aumento do preço do petróleo, a indústria automobilística mundial conhece um de seus maiores booms. Fabricantes indianos e chineses introduzem no mercado veículos de 2.500 dólares, que cedo ou tarde chegarão aqui. No Brasil, carros zero são agora financiados em até 99 meses.

É perceptível que a velocidade de circulação nas cidades brasileiras está caindo rapidamente (o Rio de Janeiro está seguindo o caminho de São Paulo). Todos vêm sentindo as conseqüências tanto da irresponsabilidade das autoridades para com o transporte coletivo quanto da expansão sem barreiras da frota de veículos. A quantidade dos que rodam em São Paulo cresceu. Em um ano, houve um aumento de 7%, sendo três quartos automóveis que, normalmente, circulam apenas com seus motoristas. A enorme expansão do número de motocicletas (cerca de um milhão), autorizadas pela legislação em vigor a circular entre as faixas, também contribui para degradar o trânsito e aumentar as mortes em acidentes.

Os problemas não se restringem ao trânsito. A poluição, causada essencialmente pelos veículos, em São Paulo, voltou a piorar, agravando, também, as tendências ao aquecimento da região.

A cada dia, duas ou três horas da vida de dez milhões de pessoas seja jogada fora, num estresse sem propósito. Mas elas têm dificuldades de perceber seu caráter grotesco

Temendo desgastar-se, a prefeitura não adota medidas de restrição à circulação de veículos — como pedágios urbanos, praticados nas capitais européias, exclusão dos automóveis particulares do centro velho, aumento do rodízio (como fez a Cidade do México) e da fiscalização (um terço da frota é irregular), maiores restrições a caminhões no centro ou a simples expansão das zonas azuis. Também não acelera a criação de corredores exclusivos de ônibus, por pressão dos comerciantes e moradores das vias onde eles seriam implantados.

O prefeito Gilberto Kassab afirmou que os congestionamentos são resultado da falta de investimento municipal na expansão do metrô nos últimos 32 anos. Para Kassab, agora “não adianta chorar sobre o leite derramado” [1]. O presidente da Companhia de Engenharia de Tráfego (e seu gestor em vários governos conservadores) Roberto Scaringella foi mais franco: não haverá “medidas radicais que dariam fluidez” ao trânsito, porque “podem impactar negativamente a economia”. “A conseqüência é que a gente terá de aprender a conviver com um número maior de quilômetros de lentidão. Quando eles se excedem, não gera um colapso da cidade, mas a deterioração e a delinqüência urbana”, completou Scaringella [2]. Pressionada pela imprensa, a prefeitura acabou anunciando uma série de medidas, mas elas são cosméticas: redução do espaço para estacionamento em algumas ruas, divulgação de rotas alternativas às vias principais etc.

A atuação do governo do Estado também é marcada pela inação. Ele não acelera a expansão do metrô e, tampouco, cumpre as metas de construção da Linha 4 - Amarela, onde os métodos privatistas geraram sucessivos desastres e atrasos [3]. Perdido em disputas menores de rateio dos custos com a prefeitura, o governo, nem mesmo, geri uma integração adequada com a rede de ônibus.

É absurdo que duas ou três horas por dia da vida de dez milhões de pessoas seja jogada fora, em um estresse sem propósito. Mas o sistema do automóvel está tão profundamente arraigado no imaginário das pessoas que elas têm dificuldades de perceber seu caráter grotesco. É aceito como natural ou inevitável, permitindo que governantes ajam de forma irresponsável.

No entanto, como afirma o arquiteto Paulo Mendes da Rocha, “é como se tivéssemos inventado uma máquina de produzir veneno e, todo dia, nos empenhássemos em aprimorá-la. A questão dos transportes é fundamental. Não se trata, puramente, de introduzir conforto. Trata-se de ver que, queimar petróleo para transportar uma pessoa de 60 quilos numa lataria de 700 quilos, que não anda, é um erro grave. É repugnante ver a cidade congestionada de carros que não andam. A questão não é fazê-los andar, é ver que isso não tem saída, o transporte individual é uma bobagem. Construir túneis e viadutos é aprimorar a máquina do veneno. E já não importa que o carro não ande, porque você vê todo mundo lá dentro falando no celular, usando o laptop... É a rota do absurdo” [4].

O correto é que o uso do transporte individual seja desestimulado, o coletivo favorecido e o usuário do carro passe a pagar por todo o impacto que provoca

O proprietário do carro impõe, a toda sociedade, custos que ele não paga no IPVA ou quando compra o automóvel. Ocupação do espaço público (50% do território urbano em São Paulo é dedicado ao transporte), perda de tempo, danos à saúde de milhões de pessoas etc. O correto é que o uso do transporte individual seja desestimulado, o coletivo favorecido e o usuário do carro passe a pagar por todo o impacto que provoca.

Parece evidente que não se pode esperar nada dos governantes! Esse é um problema que São Paulo só poderá enfrentar se organizar um movimento cidadão que reúna força política para libertar a cidade da ditadura do automóvel. Uma mobilização com propósitos claros, capaz de impor uma expansão da oferta e qualidade do transporte público e reduzir o espaço para o carro.

Assistimos, nos últimos anos, ao acúmulo de uma série de problemas de novo tipo, gerados pela lógica sem freios do mercado. Esse cobram um preço humano e ambiental cada vez maior.

O caso mais notório é o do aquecimento global, resultado de toda a economia do petróleo, carvão e automóvel, associada ao consumismo desenfreado. Ela exige pensarmos a atividade produtiva em função das necessidades humanas e não da busca do lucro e, portanto, do crescimento. Mas, como manter o capitalismo sem a maior expansão possível?

E agora os moradores de São Paulo enfrentam as conseqüências da irracionalidade que representa a “racionalidade” do mercado. Cada um busca satisfazer seus desejos na lógica do transporte (ou do consumo) individual, sem que haja intervenção do poder regulador de caráter público tolhendo os absurdos que o consumismo carrega.

Todas são questões que colocam a necessidade de outra vida e de outra organização da nossa sociedade em discussão.



[1] Folha de S.Paulo, 7/3/2008, p. C6.

[2] Folha de S.Paulo, 9/3/2008, p. C3

[3] Quando licitada em 2001, a Linha 4 - Amarela estava prevista para entrar em operação em 2006. Mas, na melhor das hipóteses, ela começará a funcionar de forma parcial, em 2010!

[4] Entrevista concedida à Carta Capital, 15 de agosto de 2007, p. 64


Disponivel em: http://diplo.uol.com.br/2008-05,a2337 acessado em 15/05/2008.