terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Liberdade aos presxs políticxs de Bariloche!

No X ELAOPA, realizado em Porto Alegre/Viamão - RS, o dia 05 de fevereiro foi tirado como o Dia de Solidariedade aos Companheirxs de Bariloche, ligados ao Movimiento Social 1 de Mayo e a Federacion de Organizaciones de Base (FOB).

Essxs presxs políticxs foram acusados de incitar expropriações realizadas  no dia 20 de dezembro de 2012 à supermercados, após nenhuma resposta do governo Argentino ao desemprego e as propostas de trabalho dos movimentos sociais.  Mesmo sem provas que xs condenem e sem serem elxs xs responsáveis pela fome, miséria e o desemprego, que motivou essa ação direta de centenas de populares, xs companheirxs continuam presxs.


Por isso traduzimos uma carta dxs companheirxs presxs, para que torne publica a luta e o cárcere desses lutadores.

Desde Joinville / Santa Catarina!
Liberdade aos presxs políticxs de Bariloche!
¡ARRIBA LOS QUE LUCHAN!





CARTA DOS COMPAS DE BARILOCHE DETIDOS EM VIEDMA

 

Aqui da penitenciária de Viedma, onde nos encontramos privados de nossa liberdade há duas semanas. Fomos transferidos de Bariloche da forma mais desumana possível, que só poderiam entender aquelas pessoas que já passaram pelo mesmo e xs companheirxs que têm pensamento de liberdade e justiça.

Tudo isto começou depois de 20 de dezembro, depois dos chamados saques em Bariloche, de que os meios de comunicação fascistas só mostraram pessoas levando televisões, quando na realidade foram milhares de famílias que puderam comer, graças à expropriação de alimentos.


Queremos dizer que pertencemos ao Movimento Social 1 de Maio, onde nos agrupamos em 3 cooperativas: Mártires de Chicago, Trabalhadores Libertários e 1 de Maio. Faz mais de 10 anos que nos mobilizamos para lutar contra o desemprego e toda classe de injustiças que temos que suportar, produto das políticas de clientelismo e assistencialismo como única resposta à necessidade de trabalho.


A luta social tem nos dado o que pedimos, trabalho digno e sentimos uma satisfação muito grande ao ver que ao nosso lado existem companheiros que nos ensinam coragem e liberdade.


Depois de lutar durante 1 ano, tendo pedido que nos concedessem alguns trabalhos, como a realização do projeto calor, para o qual entregamos mais de 2000 metros de lenha; a contratação para construção de 1200 metros quadrados de praças para a cidade e a reforma de três centros comunitários, pois somos trabalhadores da construção civil.


Somos do Alto de Bariloche, rodeados de uma bela paisagem natural, colinas, lagos e montanhas, mas seu contraste é a dura realidade de repressão, fome, miséria e morte. Mais de 15 são os jovens assassinados pela polícia e presos em prisões superlotadas por homens e mulheres de nossos bairros. Por isso e por todos nossos irmãos de classe sofrida é que exigimos do Estado a responsabilidade por nossa miséria, privando de nossa liberdade, dignidade e autogestão.


Queremos denunciar o governo estadual, do governador Weretilneck, o ministro Paillalef e o governo nacional da presidenta Cristina de Kirchner, que enche a boca para falar de justiça social, quando na realidade só pratica o clientelismo e repressão, utilizando o dinheiro do povo para preparar e equipar o aparato repressivo do Estado. Com o gasto de uma bala se pode alimentar uma família, senhora presidenta, e com o valor de uma arma se constrói uma casa. Com isso pode-se concluir que só querem um Estado policial, que controle e reprima toda vontade de alcançar a verdadeira justiça social, com igualdade e liberdade, que nos levará à verdadeira democracia.


Se não há oportunidade para todos, não haverá paz para ninguém. Nossas crianças merecem uma oportunidade e por elas é que estamos lutando hoje.

Contra toda repressão às organizações.
Luta e resistência.
Liberdade aos presos políticos!
Não mais tortura e morte nas prisões.

Miguel Mansilla e José Paredes
Movimento Social 1 de Maio
28 de Janeiro de 2013.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

[ELAOPA] Nota de repúdio ao assassinato de militante do MST-RJ

As organizações e movimentos sociais dos países participantes do X Encontro Latino Americano das Organizações Populares Autônomas – ELAPOPA, reunidos em Porto Alegre nesta data, manifestam o mais profundo sentimento de luto e revolta em relação ao brutal assassinato do militante do MST Cícero Guedes dos Santos. Assassinado por conta das retaliações locais oriundas da ocupação “Luís Maranhão”, na usina de cana-de-açúcar Cambahyba em Campos dos Goytacazes – RJ. Ocupação emblemática, pois nestas terras, pertencentes à família de Heli Ribeiro Gomes, fornos de fabricação de açúcar eram emprestados para incinerar corpos de militantes mortos pela ditadura militar.

Companheiro presente desde a primeira ocupação do MST no estado do Rio de Janeiro, onde hoje é o assentamento Zumbi dos Palmares, Cícero era um militante de garra e presença marcante. Onde houvesse luta, onde houvesse animação no movimento lá estava o companheiro com sua voz firme e suas palavras de ordem sempre desafiando o Capital, sempre combatendo a exploração da classe trabalhadora, resistindo e organizando. Sua trajetória enquanto trabalhador rural é semelhante a de milhares de outros camponeses em nosso continente, migrando de região em região, lutando contra o latifúndio em diversos acampamentos e ocupações de terra em busca de justiça social e soberania popular. Sua família, assim como tantas outras que resistem no campo, nunca se cansou de lutar pela reforma agrária, dispostos sempre a organizar a produção de alimentos saudáveis e a mobilizar novos companheiros para seguir na construção de uma sociedade mais digna e igualitária.

Manifestamos mais uma vez nossa indignação, exigindo que sejam punidos os assassinos e reforçando que é culpado também o Estado brasileiro, que não realiza a reforma agrária. Neste governo que mantém milhares de famílias debaixo de lona e na beira de estradas, sofrendo com todo tipo de ameaças e dificuldades. É culpado também o agronegócio com seu modelo de exploração dos pobres que, quando não mata com o veneno de seus agrotóxicos, mata com a bala de seus capangas.


As sementes do poder popular seguem com vida e, neste momento, companheiros de luta nas mais diversas barricadas da América Latina gritam:

NÃO TÁ MORTO QUEM PELEIA!!
ARRIBA LOS QUE LUCHAN!!
COMPANHEIRO CÍCERO GUEDES… PRESENTE, PRESENTE, PRESENTE!!



(Texto elaborado, no Rio Grande do Sul em 27 de Janeiro de 2013 pelo Encontro Latino Americano de Organizações Populares Autônomas: ELAOPA)