domingo, 8 de janeiro de 2017

Gráfico mostra que os aumentos de tarifa continuam acima da inflação

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O Movimento Passe Livre (MPL) Joinville atualizou o gráfico mostrando a evolução do aumento de tarifa de 1996 a 2017, junto, dados sobre o aumento da inflação no mesmo período, já que esta é uma das principais justificativas da Prefeitura, Gidion e Transtusa para aumentar as tarifas de ônibus na cidade.

O gráfico expõe o que já falamos a muito tempo, a tarifa sempre sobe acima da inflação. Nos últimos 21 anos, a inflação teve um aumento de 292%, enquanto a tarifa teve um aumento de 567%. 

Boa parte das justificativas para o aumento de tarifa é que o índice inflacionário deve ser recomposto. Porém, se a tarifa seguisse de fato a inflação seu preço seria em torno de R$2,36

Se os salários – em tese – acompanham a inflação, a tarifa de ônibus a ultrapassa em muito, tornando-se um encargo significativo para as famílias brasileiras. Como já postado anteriormente neste blog, o transporte chega a consumir mais de 20% do orçamento dos brasileiros. Desse modo, se pratica uma tarifa antissocial, fazendo do transporte um artigo de luxo e excluindo milhões de pessoas desse serviço (segundo o IBGE, cerca de 37 milhões de pessoas são excluídas do transporte coletivo por não poderem pagar). Isso significa que o direito à cidade, ao lazer, à saúde, à educação são vedados a milhares de pessoas.

Precisamos destacar também o absurdo que se inicia a partir de 2001, com a criação da "tarifa embarcada". Em Joinville, o usuário de ônibus precisa pagar uma "multa" caso não tenha a passagem já comprada para entrar no veículo. Isso se deve ao fato das empresas Gidion e Transtusa terem excluídos os cobradores; o que deixa o caso ainda pior, pois a empresa demitiu vários trabalhadores, sendo assim, cortando custos, e mesmo assim aumentou as tarifas em todos os anos seguintes.

Além disso, os/as atuais motoristas são obrigados a fazerem de duas a três funções: motoristas, cobradores e por vezes até precisam limpar os veículos após as viagens. Precisamos entender que a luta contra a Máfia do Busão não é só de quem usa o transporte coletivo, mas também dos/das trabalhadores/as que são explorados pela Gidion e Transtusa.

O MPL não lança mão apenas de dados, apontamos também a causa do problema do transporte: o transporte estar sob poder da iniciativa privada, ser um objeto de lucro, um meio de enriquecimento de meia-dúzia de empresários e empobrecimento do grosso da populaçãoÉ por isso que além de qualquer debate sobre uma tarifa maior ou menor, justa ou injusta, o MPL propõe a revisão completa do atual modelo tarifário e de gestão do transporte – por um transporte fora da iniciativa privada, público e com participação popular.

Em tempo: a despeito do truque barato de ilusionismo de Udo Dohler em aumentar a tarifa em R$0,30 centavos, os problemas do transporte permanecem. Por exemplo, exclusão de mais pessoas do transporte coletivo, mais engarrafamento e acidentes e mortes no trânsito. A ação de Udo Dohler tem que ser vista naquilo que realmente é: puro diversionismo para aumentar a tarifa, de fato, em trinta centavos e conseguir legitimidade para mais um passo na ampliação da desigualdade sócio-espacial em Joinville. A luta pelo transporte público permanece, isso porque nossa luta é contra todo aumento de tarifa, grande ou pequeno, e, mais ainda, contra toda e qualquer tarifa e/ou catracas. 

O índice utilizado para se medir a inflação é o INPC, que segundo o site do IPEA acompanha a evolução dos preços de “9 grupos: 1. Alimentação e bebidas; 2. Habitação; 3. Artigos de residência; 4. Vestuário; 5. Transportes; 6. Saúde e cuidados pessoais; 7. Despesas pessoais; 8. Educação, leitura e papelaria; 9. Comunicação”.

O transporte coletivo privado é um fracasso


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Neste outro gráfico, é possível ver o quanto esse modelo transporte coletivo tarifário - na mãos de empresas privadas, é fracassado. 

Entre os anos 2000 e 2015, a população de Joinville teve um aumento quase 133 mil habitantes, enquanto o transporte coletivo perdeu 24 mil passageiros. A lógica e a conclusão são óbvias, o transporte coletivo na mão de empresas privadas não agrada e não é atraente para a população. Além de uma das tarifas mais caras do país, hoje os cidadãos de Joinville precisam andar em ônibus lotados, com horários escassos, desconforto, etc.

A Tarifa Zero não é só possível, mas como há ótimos exemplos, como em Hasselt, na Bélgica. Após a introdução da política de tarifa zero, o uso do transporte público aumentou imediatamente e se manteve alto, sendo, hoje, dez vezes maior se comparado ao período anterior. O site oficial de Hasselt registra o crescimento da seguinte forma:





Por garantir acesso à tarifa zero no transporte público, o site de notícias http://gva.be descreveu o cartão de identidade dos habitantes de Hasselt da seguinte forma: “vale como ouro”.