quarta-feira, 25 de junho de 2008

Nota de Esclarecimento

Motivado por um artigo do Diário Catarinense, o blogueiro, radialista e presidente da Juventude Socialista do PDT, Robson Cunha, afirmou em seu blog hoje (24/06) que o Movimento Passe Livre sofre aparelhamento da corrente petista Esquerda Marxista.

Sobre isso, temos a esclarecer:

1) Somos um movimento nacional, sem filiação partidária ou ideológica, guiados por príncípios organizacionais (tirados em uma plenária no quinto Fórum Social Mundial, em 2005). Esses princípios estão disponíveis aqui.

2) Por diversas vezes, entidades ligadas à Esquerda Marxista estiveram conosco em manifestações contra o aumento de tarifas no transporte coletivo, por termos uma - e somente uma - pauta em comum, que é a questão do transporte coletivo de Joinville. Nesses casos, comumente criamos Frentes de Luta.

3) Tanto a Esquerda Marxista quanto nós defendemos modelos semelhantes de gestão do transporte, com a seguinte ressalva: Eles pretendem a estatização (como no caso da Cipla) e nós pretendemos a Municipalização (gestão total do sistema pela prefeitura).

4) Como se pode observar no panfleto contra a condenação de Adilson Mariano, nem nós nem o Centro de Mídia Independente assinamos o documento, não porque acreditemos que a condenação seja justa, mas sim, porque nossos coletivos não foram avisados previamente do evento e não tivemos tempo de reunir a todos para debater o apoio oficial.

5) Reitera-se que consideramos a condenação de Mariano injusta, imoral e ilegal.

6) Reitera-se que, em 2006, estivemos em uma caravana semelhante para acompanhar o julgamento do Sargento Amauri Soares, que estava sendo julgado por motivos semelhantes ao de Mariano. Soares hoje é deputado pelo PDT. Ninguém nunca nos acusou de sermos aparelhados pelo PDT.

Esperamos ter desfeito o mal-entendido
Cordialmente
Movimento Passe Livre
Coletivo Joinville
24/06/2008

segunda-feira, 16 de junho de 2008

A cidade sem hibiscos

Felipe Silveira*

Faço a vida passar entre saltos e corridas na cidade. Não há tempo para parar. Às 7h45 o ônibus passa e devo correr para pegá-lo. Saco um livro da mala, à noite tem prova. O trabalho me pede compromisso e o banco me pede dinheiro, não posso esquecer de dar um pulo no caixa eletrônico. Do jornal leio a manchete e os subtítulos. É o tempo que tenho. Ainda assim vivo. Flertar, beber, comer e dançar é fundamental.

Quem me dera – numa dessas corridas – escorregar num hibisco em frente à Câmara ou à Prefeitura. Quem me dera esbarrar num vereador. Quem me dera ser seqüestrado por comunistas. Eu imploro: me cooptem para uma causa. Em vão, os vereadores estão escondidos em seus gabinetes, o prefeito se escondeu no do vice a as organizações de esquerda estão disputando cargos. Além do mais, mandaram tirar os hibiscos das calçadas.

Deve ser esse o truque do inimigo multifacetado (Estado, mídia, empresários). Fazer as pessoas correr cada vez mais rápido, com os olhos no chão. Prender rabos, equipar ONGs, boicotar a educação e comprar jornalistas. Fingir que um parque pode salvar a cidade. Organizações empresariais fortes, com voz e espaço dentro dos gabinetes também são importantes neste processo. Cobrar quando as pessoas querem usar as praças, além de tornar o espaço desconfortável, sem sombras nem água fresca é uma técnica que deu certo. Limparam as calçadas dos hibiscos. Nos tiraram o tempo para sonhar.

Eu não posso fazer nada para mudar isso. Nem você. Já eu e você, opa, pode ser. Com uns amigos, quem sabe? Não, não se anime. Eles são em maior número. E têm muito mais dinheiro. Mas é necessário saber: alguém quer nos ferrar. Eles fazem você correr e fingem que está tudo bem.

Portanto, pare e não evite conflitos. Plante um pé de hibisco na calçada e torça para alguém cair ao escorregar nas flores vermelhas que se soltam todos os dias. Não perca o hábito de acordar cedo e fofocar com a vizinha enquanto varre a calçada. Não agrade o cliente, agrade o amigo. Não puxe o saco do professor, mas diga à namorada que ela é linda. Persista num mundo coletivo. Isso não é a solução, mas um princípio para acreditar na democracia (escrevi tudo isso para chegar nisso).

Não vou dar nenhum conceito para democracia aqui. A TV me impediu de lidar bem com palavras abstratas. Mas sei que não se trata só de levantar a mão para que a vontade da maioria seja feita. Democracia é participação. É se apegar a uma Constituição construída a muitas mãos. Aliás, é isso: construir juntos. Escrevo só para questionar o possível leitor: estamos construindo um mundo melhor democraticamente ou estamos aceitando passivamente as vontades de sujeitos interessados em engordar suas contas ocultas nas Ilhas Virgens.

Escrevi a primeira parte deste texto para mostrar que não consigo agir como gostaria. E também porque acho que isso acontece com muitos de nós. De qualquer forma, gostaria que o leitor pensasse nisso. Não sejamos o homem em Isidora, uma das cidades invisíveis de Italo Calvino:

“As cidades e a memória – 2

O homem que cavalga longamente por terrenos selváticos sente o desejo de uma cidade. Finalmente, chega a Isidora, cidade onde os palácios têm escadas em caracol incrustadas de caracóis marinhos, onde se fabricam à perfeição binóculos e violinos, onde quando um estrangeiro está incerto entre duas mulheres sempre encontra uma terceira, onde as brigas de galo se degeneram em lutas sanguinosas entre os apostadores. Ele pensava em todas essas coisas quando desejava uma cidade. Isidora, portanto, é a cidade de seus sonhos: com uma diferença. A cidade sonhada o possuía jovem; em Isidora, chega em idade avançada. Na praça, há o murinho dos velhos que vêem a juventude passar; ele está sentado ao lado deles. Os desejos agora são recordações.”

Felipe Silveira é estudante de jornalismo e um dos organizadores do movimento contra o reajuste de 36% dos vereadores.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Estudantes protestam contra aumento de 36% dos vereadores

Estudantes do Ielusc, Univille e Udesc participaram de protesto contra aumento dos salários vereadores em Joinville. Veja as matérias
Estudantes fazem protesto sem fantasia em Câmara de Joinville (An.com.br)
Batman é barrado na Câmara (A Notícia)
Vereadores Ignoram protesto de estudantes (Revi/Ielusc)
Veja vídeo da manifestação (An.com.br)

segunda-feira, 9 de junho de 2008

"Batmans" vão invadir Câmara de Vereadores


Estudantes de Jornalismo do Ielusc e História da Univille estão planejando um protesto contra o aumento de 36% nos salários dos vereadores, AMANHÃ, ÀS 19 HORAS, na Câmara de Vereadores. A idéia é ir até o legislativo fantasiado de Batman ou outro super-herói. A idéia surgiu depois que um homem fantasiado do herói de quadrinhos entrou na Câmara, no dia da votação do aumento. Os vereadores vão ganhar, a partir do ano que vem, R$ 8,7 mil em vez dos atuais R$ 6,4 mil.

O Movimento Passe Livre apóia a iniciativa dos estudantes, e estará lá amanhã, para protestar junto com os estudantes. CONVIDAMOS todos/as a participar deste ato pelos nossos direitos.

Manifestação contra o aumento de 36% nos salários dos vereadores.
QUANDO: 10 de junho, TERÇA-FEIRA, às 19 horas
ONDE: NA CÂMARA DE VEREADORES

Uma leitura necessária

Por Maikon K.

Não tenho leitura profunda da obra do historiador Daniel Aarão Reis, somente li alguns artigos disponíveis na internet, assisti o documentário “Hércules 56 que aborda de maneira criativa e faz um recorte muito instigante do seqüestro do embaixador dos EUA no final da década de 60. Para aprofundar o interesse no trabalho do historiador foi conhecendo a trajetória como militante social que é considerável e louvável, quando percebemos que ainda se mantém ao pensamento anti-capitalista ( poderia dizer socialista ou comunista ?), ao contrário de outros-as daqueles anos de “chumbo”.

A proposta era simplesmente informar sobre a revista Fórum que publicou a entrevista do historiador Daniel Aarão Reis, mas com a leitura das observações críticas despertou uma reflexão sobre as minhas experiências nos últimos anos como estudante universitário.

Nostálgicos Não – Estudantes Sim!!!

“Quando se recupera o ano de 68, para além das celebrações acríticas, é preciso apontar e analisar estes descompassos de análise e de perspectivas entre a dinâmica interna dos movimentos sociais e as organizações revolucionárias. A partir deles é que se pode avançar mais na compreensão dos caminhos e descaminhos que viriam em seguida.”

O trecho em determinada maneira vêem referendar meus constantes argumentos em relação aos eventos de lembranças como os 20 anos do Centro Acadêmico Livre de História Eunaldo Verdi – CALHEV – que compôs uma mesa para trazer fragmentos de memórias individuais da trajetória do movimento estudantil da UNIVILLE, assim falram dos anos 1970 ao tempo presente. Infelizmente consistiu em discursos nostálgicos, distante da realidade de hoje sobre as práticas estudantis e da administração da universidade, chegando ao ponto de ouvirmos palavras carregadas de elogios dos setores conservadores do corpo docente.

No questão do ano de 68 a minha preocupação volta-se a Semana de História da UNIVILLE, que acontecerá de 09 a 13 de Junho. Até o momento não encontrei a intenção de buscar uma reflexão profunda sobre o ano de 68 e os encaminhamentos das lutas sociais no tempo presente. O CALHEV, mesmo tendo passado por um processo eleitoral durante a construção da semana de história, poderia ter despertado a necessidade do debate. O mesmo vale para os demais estudantes que de uma maneira direta ou indireta se percebem como parte do movimento estudantil universitário de História.


“O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade” Zeca Afonso


A seguir a revista Fórum você encontrará:

“Fórum – Na sua opinião, quais ações da época foram equivocadas? O que poderia ter sido feito e não foi?

Reis - Acertamos em cheio no programa de reivindicações concretas. Considerá-las a sério, conseqüentemente rompendo com as tradições esquerdistas e instrumentalizadoras que vinham do Partidão em relação às chamadas entidades de massa, os diretórios estudantis e as uniões estaduais e nacional dos estudantes. Estas tradições também impregnavam a AP e o PC do B e mesmo as Dissidências e até hoje, desgraçadamente, continuam muito presentes, contaminando o PSOL e o PSTU, entre outros.”

O trecho trouxe a memória recente que vivi nos cinco anos como estudante de História na UNIVILLE, sendo que o minguado movimento estudantil universitário consistia em fortalecer as necessidades dos Partidos Políticos e das inexpressivas organizações políticas de juventude dos próprios Partidos.

A afirmação de que eram ( e são ) grupos pequenos ocorre porque a organização União da Juventude Socialista (UJS- ligado ao PCdoB) que apregoa como a maior entidade de juventude da cidade, seus-suas próprios-as filiados-as estavam (e estão) completamente a margem do se passa na sua organização e quando voltava-se as lutas dos estudantes buscavam (e continuam) somente a cooptação.

O mesmo posso considerar com a Juventude Revolução (JR ligado a Corrente Esquerda Marxista do Partido dos Trabalhadores - PT) quando passou a ganha expressão ao assumirem o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e felizmente abriu um canal de comunicação e produção com estudantes de fora da sua corrente, mas se perdeu no caminho da História ao buscar a cooptação dos estudantes. Sendo um dos fatores para o afastamento de uma relação aberta e democrática com os estudantes com inclinações anti-capitalistas ou simplesmente com valores de inclusão social no meio do movimento estudantil.

Em relação às demais “forças estudantis” ligadas ao PT, PMDB, DEM, PP, PDT e outros não tenho muito que falar, porque a prática é distante e são menores do que “seis gatos pingados”. Porém nocivos à mobilização e luta.

Por isso enquanto pendurar a distância das “lideranças” com a realidade dos-as estudantes universitários-as, a prática de cooptação a seus Partidos e Correntes não acontecerá uma reivindicação realmente estudantil, o que poderia despertar um interesse efetivo de responsabilidade e participação de todos-as.

O distanciamento de uma nova configuração das lutas estudantis poderá ficar nebulosa, quando os-as estudantes de História, que se mantiveram na trajetória de luta e reivindicações passaram recentemente por um processo eleitoral desgastante, que levou um afastamento, a priori, de estudantes ligados à base anti-capitalistas e com efetiva participação social. Assim levando em consideração a história do CALHEV e a falta de organização dos demais Centros Acadêmicos o receio torna-se ampliado.

A esperança de que no transcorrer do dia após dia espero me enganar e sentir o cheiro da contestação e das reivindicações estudantis no campus universitário e fora dele. E principalmente por aqueles-as que fazem vida estudantil: os-as estudantes!!!