2003 foi um importante marco nas lutas sociais em torno do transporte coletivo em Joinville. Três aumentos de tarifa em menos de doze meses, sendo o último deles decretado em um momento no qual não havia qualquer recesso escolar, foram o estopim para que milhares de pessoas fossem às ruas.
Desde
2003, excetuando apenas uma ocasião,
todos os aumentos de tarifa se deram em recessos escolares e férias
para um setor dos trabalhadores. Tebaldi, Carlito e, agora, Udo
Döhler mostraram, entre as muitas coisas que os aproximam, seu
esforço conjunto e deliberado em impedir manifestações contrárias
aos aumentos de tarifa e esvaziar o debate político em torno do
problema. Todos estão comprometidos com o modelo privado de
transporte coletivo e seu método é a covardia
política,
isto é, tomar decisões impopulares em momentos chave a fim de
diminuir o impacto das críticas. Se essa tática diminui o poder de
luta dos movimentos sociais no curto prazo, no médio e longo ela
contribui com a educação política das pessoas ao demonstrar de
modo contundente de que lado está o poder público. Além disso,
esse tipo de tática antidemocrática de aumento de tarifa em recesso
escolar e de trabalhadores não irá impedir nossas manifestações,
cuja primeira ocorrerá no dia 8 de janeiro.
O
aumento de tarifa, presente de final de ano de Udo Döhler, não fica
abaixo da inflação. Até porque a medida a ser considerada não são
os últimos doze meses, mas, grosso
modo,
todo o plano real. Fora disso se trata de uma estatística
fantasiosa. E segundo esse tempo, conforme gráfico abaixo produzido
pelo MPL, a tarifa aumentou 400% enquanto a inflação foi de 210%.
Segundo
o prefeito, reproduzido de A
Notícia de
31/12/2013, “Chegamos a um preço que está bom tanto para a
população como para as empresas do transporte coletivo”. É
desfaçatez sem tamanho falar pela população alguém que sequer é
usuário de transporte coletivo. Não, o aumento não ficou bom para
a população. Todo aumento, toda catraca, toda tarifa, todo
impedimento à livre mobilidade urbana é negativo para a população.
Serão mais pessoas a abandonar o transporte coletivo e mais carros e
motos nas ruas.
2014 se
inicia com a renovação ilegal dos
contratos da Gidion e Transtusa por 180 dias. O prazo final dessa
renovação finda-se em momento de Copa do Mundo. A licitação que
em tese irá ser realizada nesse meio tempo irá decidir pelos
próximos 15 anos da mobilidade urbana da cidade.
Por essa
razão o MPL convoca toda a população, entidades sindicais e
estudantis, associações de moradores e organizações políticas a
conduzirem a luta pelo transporte público com tarifa zero. Os termos
da licitação de Udo Döhler tendem a referendar o transporte
privado como único horizonte possível. Aos movimentos sociais cabe
implodir essa concepção estreita, errada e privatista em favor de
uma concepção pública a qual contemple transporte de qualidade,
gratuito e com real participação popular. A Tarifa Zero é uma
proposta que ganha cada vez mais adeptos como a melhor solução para
a ocupação da cidade, para um trânsito que flua, para a diminuição
da poluição e para o aumento da qualidade de vida nas cidades
brasileiras. O financiamento da proposta passa pela implementação
de impostos progressivos, como por exemplo o IPTU progressivo,
instrumento regulamentado pelo Estatuto das Cidades, entre outras
alternativas. É evidente, no entanto, que dada a ligação histórica
do atual prefeito com o empresariado essa não é uma política da
atual administração.
As
jornadas de junho demonstraram que há um novo espaço político
sendo construído nesse país. Esses novos espaços não estão
preocupados em garantir a governabilidade ou em assegurar cadeiras no
parlamento. A disposição é de luta, integral e irrestrita, por
nossos objetivos imediatos e estratégicos. É com essa disposição
que o MPL irá construir a luta do próximo período. Devemos ligar a
luta contra o aumento de tarifa, contra a criminalização dos
movimentos sociais e por uma licitação que promova os marcos
iniciais da instauração do transporte público. Essas três lutas
tem íntimas conexões e nos cabe demonstrá-las nas manifestações
que realizaremos. Eis nossas tarefas políticas.
2 comentários:
Tá, uma coisa que não entendo: reclamam escancaradamente do governo e dos políticos e querem estatizar o transporte público? Se isso acontecer, não acham que vão estar fortalecendo ainda mais o Estado que tanto criticam? Por que não lutam pela livre concorrência de mercado, com concorrência, eventualmente os preços e a qualidade iam melhorar.
Outro ponto, caso o transporte fosse estatizado, não acham meio injusto todos pagarem pra uma parte usufruir? De algum lugar vai ter que sair esse dinheiro, ou será criado um imposto novo ou será realocado de outro lugar, educação e saúde talvez, já que elas estão uma maravilha e são comandadas pelo mesmo governo que vocês querem que assuma o transporte.
Colegas, queria deixar a sugestão de configurarem o blog de modo que os textos postados possam ser compartilhados no facebook. Em vários blogs há essa ferramenta. Aí é só dar um click e o texto é colocado na página do face. Bem mais fácil para dar visibilidade aos textos aqui escritos. Abraços
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