segunda-feira, 26 de abril de 2010

R$2,30 JÁ É ROUBO

No começo desta semana (dia 19 de abril), a Prefeitura de Joinville declarou em nota oficial que não aumentará a tarifa do transporte “público” até Janeiro de 2011. A primeira reação dentro dos movimentos sociais foi de espanto, pois, até o momento, a articulação entre o prefeito Carlito Merss e os donos da Gidion e Transtusa, Moacir Bogo e Beno Harger, sinalizava um aumento de R$2,50 ou até R$2,65.
Nos primeiros desdobramentos do possível aumento, os movimentos sociais trabalharam em uma intensa atividade de base nas escolas de ensino fundamental, médio e superior. O trabalho foi realizado através de assembleias, visando debates com os jovens, o que resultou em uma grande adesão. Também foram realizadas palestras em salas de aula e panfletagens em frente às escolas. Esta primeira etapa de diálogo foi finalizada com uma grande manifestação na Univille, onde foi cobrado dos chefes de departamentos uma posição, pois todo aumento interfere na permanência dos acadêmicos nas universidades. É válido lembrar que existe um número expressivo de professores universitários com cargos políticos na atual gestão da prefeitura. É necessário que o corpo docente compreenda que o descolamento urbano dos acadêmicos também deve ser uma preocupação da administração da Univille, afinal, um aumento pode prejudicar seriamente o processo de construção do conhecimento universitário.
Considerando o grande desgaste da atual prefeitura perante vários setores da sociedade como: população em geral, imprensa e movimentos sociais, e lembrando que este ano haverá períodos eleitorais, não se pode deixar de citar o tamanho do colégio eleitoral de Joinville. A prefeitura optou pela decisão política para não prejudicar suas pretensões eleitorais partidárias. Assim que o possível aumento das passagens foi divulgado, a prefeitura abafou o aumento da tarifa da água que ocorreu durante a discussão do aumento da tarifa, sendo que esta última, possui um impacto econômico maior na renda da população joinvilense.
O adiamento do aumento não é o fim do debate, pois em janeiro de 2011 o aumento ocorrerá. A população deve se preparar junto com os movimentos sociais, pois, esta é a única forma de toda a população sair às ruas e exigir seus direitos básicos previstos na constituição. É dever de todos colocarem um fim a este ciclo de mais de quatro décadas de exploração. Exploração controlada por apenas duas famílias oligarcas: Bogo e Harger. A população deve exigir um modelo alternativo e independente que fuja da proposta das empresas e da prefeitura.
Outro fato, que cada vez se mostra mais conciso, é o alinhamento de pensamentos e estudos sobre mobilidade urbana por parte de Moacir Bogo, políticos e técnicos da Prefeitura. Todos argumentam em favor de um modelo de transporte coletivo baseado nos projetos de Bogotá e Pereira, cidades colombianas. Porém, grande parte dos usuários e usuárias joinvilenses desconhecem a realidade do transporte colombiano. Os movimentos sociais apontam outros modelos alternativos, que se diferenciam de forma clara e objetiva sobre o conceito de transporte e a mobilidade urbana. Estes movimentos pretendem trazer um serviço público de verdade, que assuma o interesse social acima dos lucros e das visões empresariais oportunistas. Nesse contexto, deve-se exigir um espaço democrático para que todos os atores sociais possam propor uma alternância estrutural ao sistema de transporte coletivo de Joinville. A construção de um fórum, de caráter deliberativo, é a forma mais democrática para atender essas diferentes perspectivas da população joinvilense. Este novo modelo de transporte não pode ficar na mão dos poderosos da cidade, pelo contrário, o projeto de transporte deve ser escolhido de forma popular e democrática, servindo assim, aos interesses coletivos.

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