sexta-feira, 18 de julho de 2008

Carta aberta a comunidade joinvilense

Nas últimas semanas, a mídia local deu ampla cobertura para as obras dos corredores de ônibus das Ruas João Colin e Blumenau, projeto executado pela Prefeitura Municipal de Joinville (PMJ) e amplamente incentivado pelas Empresas Privadas de Transporte Coletivo (Gidion/Transtusa), A iniciativa gerou polêmicas e críticas da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), porque os corredores excluiriam a área para stacionamentos nessas ruas, o que poderá diminuir as vendas. Para eles, é um projeto autoritário, visto que não considerou a opinião da CDL. Em contra partida a PMJ respondeu que os corredores diminuirão os custos para as empresas privadas de transporte coletivo, privilegiando assim o transporte coletivo em detrimento do individual, ou seja, ônibus ao invés de carros, dessa maneira possibilitando uma suposta melhoria na qualidade de vida aos moradores/as da cidade.

Considerando o contexto apresentado, o Movimento Passe Livre de Joinville, tem a necessidade de expressar publicamente os seguintes pontos:

1 – A postura autoritária da PMJ e das empresas privadas de transporte coletivo não nos causa espanto ou um pingo de estranheza sequer, afinal já a vivenciamos em momentos como os aumentos das passagens no transporte coletivo.

2 – Percebemos que, como entramos em plena corrida das eleições municipais, é fácil identificar que as obras estão mais para benefícios dos candidatos da situação às vagas na Câmara e na própria Prefeitura do que realmente à população da cidade de Joinville.

3 – A Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) é uma entidade representativa dos proprietários das lojas, assim o discurso de resistência à abertura dos corredores não representa os interesses de toda a população, mas apenas um segmento da cidade.

4 – O corredor na Rua João Colin dificultará o trafego dos/as ciclistas/as, como já afirmaram a PMJ, chegando ao ponto de dizer que não é indicado pedalar. Dessa maneira podemos considerar que restringirá o direito constitucional de ir e vir, consequentemente excluindo o discurso pela melhoria da qualidade de vida, evidenciando assim o interesse único e exclusivo da empresas privadas de transporte coletivo, deixando o interesse público como mera conseqüência.

5 – A diminuição dos custos com a abertura dos corredores não resultará numa redução no preço da passagem, o que desenvolveria um maior acesso ao transporte coletivo em detrimento do transporte individual.

Entre os pontos citados acima, provavelmente existe espaço suficiente para questões, talvez problemáticas ou não, que os olhos militantes do Movimento Passe Livre está impossibilitado de enxergar, assim como acreditamos, seja o caso da maioria da população. Um problema presente não só em Joinville, como em qualquer outro lugar onde interesses privados subjugam os coletivos. Nesse ponto, acreditamos ser válido o levantamento crítico da CDL em relação ao autoritarismo da PMJ, que agiu defendendo mais do que o interesse da população, os interesses das empresas Gidion e Transtusa. No entanto, devemos considerar que melhor planejado, e com abertura para uma discussão ampla sobre o projeto, os corredores realmente seriam um desejo a ser cumprido da população joinvilense, e isso a CDL não está dando a importância necessária.

Pensamos também, que o simples fato de implantar corredores de ônibus, não é o suficiente para uma melhoria significativa tanto no trânsito como na qualidade de vida, e que isso só seria possível com uma política mais ampla e consistente, a qual é logo descartada ao constatarmos que meios de transportes alternativos são simplesmente ignorados no planejamento urbano. Corredores de ônibus são criados, porém ciclovias não. Resta a nós pensar o que acima foi citado, que o interesse da população nesse caso, seria mera coincidência com o interesse das empresas privadas de transporte coletivo.

O Movimento Passe Livre, entretanto, propõe o seguinte, e diga-se de passagem que não acredita ser trabalhoso colocar essa proposição em prática:

- Que a história, no futuro, possa servir para a compreensão da necessidade de um debate democrático e amplo com a população joinvilense, assim efetivando a inserção de todos os beneficiados na escolha do beneficio, ou seja, das obras futuras.

Concluímos então, que ambos os lados estão reivindicando a voz da população para si, quando nenhum dos dois a escutou.

Movimento Passe Livre
17/07/2008

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