sábado, 24 de maio de 2008

"O Estado do Paraná" defende passe livre

Por mais incrível que possa parecer, um jornal da imprensa grande do Paraná defendeu abertamente o passe livre estudantil em um editorial. O "Estado do Paraná" não é o único no estado vizinho que está defendendo a proposta. O PMDB do governador Roberto Requião afirmou em nota que, se ganhar a prefeitura de Curitiba, irá instalar o passe livre na cidade.

Mas o que leva essas instituições a defender abertamente o passe livre? Será o momento eleitoral?
Segue abaixo o editorial.

Todos querem passe livre

Editorial do Jornal O Estado do Paraná [16/05/2008]

É impossível imaginar que alguém seja contra o passe livre para os
estudantes. Políticos, empresários, funcionários públicos e policiais
militares não devem ter nada contra a instituição da gratuidade para os
estudantes nos ônibus municipais. Mesmo assim, todos eles foram alvo da
fúria jovem no centro de Curitiba na manhã de ontem.

Tudo porque ainda não foi autorizado o passe livre da forma como querem os
jovens incitados a protestar. Os estudantes aguardam por décadas tal
medida, mas a pressão sobre a Prefeitura de Curitiba aumentou nos últimos
anos coincidência ou não, mais ainda nestes meses que antecedem a disputa
política pelo cargo de prefeito.

Os jovens têm todo o direito de reclamar. Não se pode conceber que ainda
não haja um estudo completo de impacto econômico sobre a introdução do
passe livre integral e para todos os estudantes. Se existe, que ele seja
divulgado, explicando motivos que a Prefeitura tenha para autorizar ou
negar a criação do benefício. E mesmo que haja uma perda para os cofres
públicos, esta se justifica pelo apelo social da medida.

Mas para que ela entre em vigor na sua plenitude, os estudantes terão que
colaborar. Instituir o passe livre não é puramente liberar o acesso aos
ônibus de qualquer um que se julgue estudante. Serão necessárias regras
rígidas, definições claras e a adoção de critérios que não transformem as
carteiras de estudante em “cartões-transporte”. E que as entidades
estudantis não virem máquinas de fabricação de carteiras.

É o mesmo caso da meia-entrada em cinemas, teatros e estádios de futebol.
Clubes, produtores e empresários majoraram os preços porque há uma
enxurrada de carteiras falsas. Os maiores prejudicados são os próprios
estudantes, que precisam provar que suas entidades representativas não
estão sendo usadas de forma irregular.

Além disso, os jovens precisarão mostrar que não estão sendo usados como
massa de manobra de partidos políticos, que na ânsia de tumultuar o
cenário eleitoral em Curitiba tenta criar factóides sobre assuntos da
maior importância. Passe livre sim, mas sem partidarismo em cima dos
estudantes.

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