segunda-feira, 10 de setembro de 2007

Usuário dizem não

Usuários dizem não
Prefeitura de Joinville analisa aumento de 11,97% solicitado pelas empresas

O pedido de reajuste para as passagens dos ônibus urbanos em Joinville desagradou quem depende deste serviço. É o caso da pensionista Celita da Rocha, 61 anos, que utiliza o transporte coletivo diariamente. “A gente gasta quase todo o salário em transporte. E o resto como que fica?”, indaga. Ela vive com a pensão de R$ 380,00 por mês, que teve reajuste de 8,57% este ano. Por isso, não considera justo pagar um percentual maior do que este que recebeu.
Como utiliza ônibus pelo menos cinco vezes por semana, Celita gasta no mínimo R$ 78,00 por mês (somando passagem de ida e volta), o que representa um quinto da sua renda mensal. Se a passagem for reajustada para R$ 2,18, as despesas com ônibus irão comprometer quase um quarto da receita dela.
E ai da pensionista se não comprar o passe antecipadamente. O novo valor pedido para a passagem embarcada é de R$ 2,73, o que a obrigaria a desembolsar mensalmente R$ 109,20 com transporte.
As empresas que têm a concessão do transporte coletivo em Joinville, a Transtusa e a Gidion, entregaram na sexta-feira à Prefeitura uma solicitação de reajuste de 11,97%.
A notícia do possível aumento desagradou também a dona de casa Maide Braz, 39 anos. “É muito ruim. Mesmo para quem não utiliza o ônibus todo o dia.” O valor quebrado – R$ 2,18 e R$ 2,73 – também provocou reações. “Fica difícil para dar troco. Tem que baixar esse valor ou deixar como está. O nosso salário não aumentou tanto assim. A única coisa que facilita é a linha integrada”, acrescenta a diarista Elizabete de Jesus, 47 anos. A massoterapeuta Maria Izabel Porto, 46 anos, também demonstrou insatisfação. “A gente gasta o dinheiro em passagem e vai comer o quê? O povo tem de se unir e se manifestar contra.”
O gerente de transportes e vias públicas da Prefeitura, Ruben Neermann, diz que as concessionárias não apresentaram o pedido de um valor novo, mas uma solicitação de reajuste com base em aumentos no custo do transporte. Ele considera equivocado o valor de R$ 2,18 para o preço da passagem comprada antecipadamente e alerta que não está definido qual o novo preço que será utilizado.
“Vamos calcular o equilíbrio financeiro, que as empresas alegam não estar conseguindo atingir com a tarifa atual por causa do aumento de custos. Desde o último reajuste, em fevereiro do ano passado, elas concederam dois aumento aos funcionários e o custo fixo por veículo está maior”, admite Neermann.

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Cidade é uma das que paga mais caro

O valor atual da passagem em Joinville já é o mais alto entre as principais cidades catarinenses. O preço pago na compra antecipada está igual ao de Jaraguá do Sul. Mas o valor da passagem adquirida dentro dos ônibus joinvilenses (R$ 2,40) ultrapassa inclusive o as maiores cidades do Sul do País e de cidades como Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, que tem porte semelhante – 600 mil habitantes (veja quadro acima).
O gerente de transportes e vias públicas da Prefeitura de Joinville, Ruben Neermann, afirma que a passagem poderia custar menos com mudança no trânsito da cidade. “O fluxo mais lento obrigou as empresas a colocarem mais veículos em circulação para garantir a freqüência estipulada e isso demanda maior custo inclusive com funcionários. Se o corredor de ônibus for implantado, o preço das passagens pode até diminuir”, garante.
Segundo o gerente, ao invés de circularem numa média de 24 quilômetros por hora, os coletivos têm uma média de 18 quilômetros por hora. “E a cada quilômetro por hora a menos, são necessários outros 13 ônibus a mais circulando para garantir os horários estipulados”, acrescenta. A frota de 328 ônibus é considerada alta para o porte da cidade.
Por este motivo Curitiba, que tem a mesma extensão de Joinville entre as linhas integradas (70 quilômetros), consegue cobrar uma passagem mais barata, diz Neermann. Na Capital paranaense, os veículos circulam com mais passageiros dentro. “Em Curitiba, dois terços da população se desloca de ônibus, enquanto que em Joinville, o sistema de transporte coletivo absorve apenas um terço da população.”

Fonte: AN 29/06

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